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Pandemia de covid-19 reduziu expectativa de vida média da população mundial em 1,6 ano, aponta estudo com participação de professor da UFPE

O professor Rafael da Silveira Moreira, da Faculdade de Medicina – Centro de Ciências Médicas da UFPE, participou da pesquisa

Entre 2020 e 2021, os primeiros dois anos da pandemia de covid-19, a expectativa de vida média da população mundial diminuiu 1,6 ano. A redução foi observada por um grupo de pesquisadores que analisou dados de 204 países e territórios e de 811 localidades subnacionais. Os resultados são apresentados no estudo “Global age-sex-specific mortality, life expectancy, and population estimates in 204 countries and territories and 811 subnational locations, 1950–2021, and the impact of the covid-19 pandemic: a comprehensive demographic analysis for the Global Burden of Disease Study 2021”, publicado pela revista The Lancet.

Antes da covid-19, de 1950 a 2019, a taxa de mortalidade global estava diminuindo e, de 1950 a 2021, a média global da expectativa de vida ao nascer vinha aumentando – passou de 49 anos em 1950 para mais de 70 anos em 2019. Com a pandemia, no entanto, houve um aumento de 5,1% na taxa de mortalidade global e ocorreu a já citada diminuição de 1,6 ano na expectativa de vida, revertendo uma tendência histórica. No Brasil, a redução foi ainda mais alta.

“Este estudo traz fortes evidências científicas sobre o impacto da pandemia no sequestro de anos na expectativa de vida no Brasil e no mundo. Ao passo que no mundo a redução foi de 1,6 ano a menos, no Brasil essa redução foi de 2,8 anos a menos. Em 2019, nossa expectativa era de 76,5 anos. Em 2021 caiu para 73,7. A redução foi 75% maior no Brasil, em relação à redução mundial. Isso significa que, no Brasil, o impacto da covid foi ainda maior. Prova, com a ciência, que não foi uma simples gripezinha”, afirma o professor Rafael da Silveira Moreira, da Faculdade de Medicina – Centro de Ciências Médicas (CCM) da UFPE, que participou da pesquisa.

A abrangência do estudo permite observar os impactos da pandemia em diferentes regiões e por outros indicadores. Constatou-se que a pandemia foi desproporcionalmente grave em países da África Subsariana, Oriente Médio, Sul da Ásia e América Latina. Ainda de acordo com o estudo, apenas 15% dos 204 países pesquisados apresentaram aumento na expectativa de vida. Além disso, observou-se que a mortalidade infantil continuou em queda.

“A mortalidade infantil continuou seguindo a tendência histórica de redução, diferente da mortalidade geral que aumentou 5% na pandemia e a expectativa de vida que reduziu 1,6 ano no mundo todo, contrariando a tendência histórica de redução e aumento desses dois indicadores, respectivamente. Isso mostra que a covid-19, como já era de se esperar, não teve grande impacto em crianças menores de um ano, quando comparadas as faixas etárias adulta e idosa. Mas isso não significa que as crianças são imunes à doença. Apenas menor risco quando comparada às demais faixas etárias”, esclarece o professor Rafael.

No estudo, os pesquisadores destacam: “Compreender a mortalidade e as tendências populacionais ao longo do tempo e através de locais, grupos etários e sexos é crucial para o planejamento de políticas de saúde pública específicas para a população. Taxas de mortalidade específicas por idade podem indicar o surgimento de novos riscos para a saúde em locais específicos, enquanto contagens populacionais podem trazer informações para alocação de recursos e ajudar no desenvolvimento de planos futuros”.

No mesmo texto, o grupo de pesquisadores ressalta que o conhecimento sobre estas mudanças nos padrões demográficos podem auxiliar formuladores de políticas públicas e especialistas em saúde pública a compreenderem melhor como a pandemia impactou diferentes grupos da sociedade e subsidiar estratégias para o enfrentamento de futuras pandemias.

Mais informações
Professor Rafael da Silveira Moreira

rafa.moreira@ufpe.br

Data da última modificação: 20/03/2024, 15:59

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