Sobre Sobre

O curso Licenciatura Intercultural Indígena é destinado à formação dos professores e das professoras indígenas que atuam na educação básica, particularmente, nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio em escolas indígenas.

Este projeto pedagógico do curso foi construído com base nos marcos regulatórios em vigor na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e no Brasil, bem como nas determinações e orientações oficiais para formação de professores e professoras, em específico, professores e professoras indígenas.

 

Objetivos do Curso

Objetivo geral

Formar professores e professoras indígenas para atuar em escolas Indígenas que oferecem o ensino fundamental e o ensino médio, com enfoque nas seguintes áreas de conhecimento: Línguas, Artes e Literatura; Ciências da Natureza e Matemática; e Ciências Sociais.

Objetivos Específicos

  • Contribuir para o fortalecimento dos projetos sociais, políticos e educacionais das comunidades indígenas brasileiras;

  • Favorecer o diálogo entre as sociedades indígenas e não indígenas, como também entre os saberes acadêmicos e os saberes indígenas;

  • Incentivar e favorecer o desenvolvimento de pesquisas com base na realidade das escolas indígenas, contemplando as práticas sociais, a história, os saberes e as linguagens dos povos indígenas;

  • Valorizar os conhecimentos indígenas, com enfoque nas especificidades dos grupos étnicos atendidos pelo curso, bem como de outras comunidades indígenas;

  • Desenvolver e utilizar metodologias de ensino adequadas aos contextos socioculturais indígenas de modo a subsidiar a prática docente dos futuros professores e professoras;

  • Favorecer a ampliação da compreensão crítica sobre a realidade cultural, social, política e educacional, com enfoque em diferentes contextos (local, regional, nacional, internacional), buscando garantir a intervenção dos licenciandos/as egressos/as na realidade indígena;

  • Contribuir para a formação dos professores e professoras indígenas no que concerne à construção de habilidades para desenvolver atividades ligadas à gestão das escolas indígenas;

  • Articular atividades de ensino, pesquisa e extensão, garantindo a indissociabilidade entre estas atividades tanto durante a realização do curso quanto na prática docente nas escolas indígenas;

  • Trabalhar com os conceitos e conteúdos das áreas de conhecimento (Línguas, Artes e Literatura; Ciências da Natureza e Matemática; e Ciências Sociais) contempladas pelo curso em articulação com os saberes dos povos indígenas;

  • Fortalecer os processos interativos entre as escolas e as comunidades indígenas com a academia e a sociedade em geral, propiciando a construção de projetos sociais e o desenvolvimento de ações integradas aos calendários socioculturais das comunidades nas quais as escolas estão inseridas;

  • Garantir a utilização da Alternância Pedagógica e a Integração de Saberes como ferramentas metodológicas para a formação dos professores e professoras, visando atender às especificidades dos povos indígenas que incluem suas atividades produtivas, seus saberes e valores socioculturais;

  • Acompanhar presencialmente as atividades dos professores e professoras nas escolas indígenas durante o período de formação na vivência da Alternância Pedagógica;

  • Contribuir com o processo de construção de um sistema de ensino para as escolas indígenas de Pernambuco por meio da elaboração de propostas curriculares, de materiais didáticos e de desenvolvimento de projetos de intervenção social e pedagógicos, dentre outros instrumentos formativos;

  • Assegurar a reflexão e a discussão sobre os diferentes sistemas e meios de avaliação, temas transversais, formação de professores/as e outras temáticas que se configuram em tendências contemporâneas para a formação de professores/as licenciados.

 

Campo de Atuação

Os egressos e egressas da Licenciatura Intercultural Indígena devem atuar na docência, no âmbito da educação básica, em particular nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio, na gestão escolar, e em práticas educativas escolares e não escolares. As práticas educativas não escolares compreendem as atividades de cunho educativo, desenvolvidas em instâncias responsáveis pela organização dos povos e pela sistematização dos movimentos sociais, enquanto espaços de formação e socialização de saberes e conhecimentos produzidos interna e/ou externamente aos limites das aldeias. O curso é destinado aos professores e professoras indígenas que estão em exercício do magistério nas escolas de suas aldeias e que ainda não tiveram a oportunidade de se graduarem em curso superior que os/as habilite para atuar nos níveis escolares em pauta.

 

Perfil Profissional do Egresso

O/A professor/a licenciado/a deverá ser capaz de atuar em diferentes níveis e modalidades da educação básica e nas diferentes dimensões da vida de suas comunidades. A Licenciatura Intercultural Indígena deverá favorecer a construção de conhecimentos e potencializar o desenvolvimento de atitudes e habilidades essenciais para a docência nas escolas indígenas; também o desenvolvimento de pesquisas como fundamento pedagógico, com vistas ao resgate, fortalecimento e disseminação da história e cultura dos povos, com foco nas áreas de conhecimento definidas pelo PROLIND, a saber: Línguas, Artes e Literaturas; Ciências da Natureza e Matemática; e Ciências Sociais. A formação oferecida no curso também possibilitará a atuação profissional dos/as egressos/as na gestão escolar e em práticas educativas não escolares.

 

Organização Curricular do Curso

Módulos de formação em Alternância Pedagógica.

Em consonância com o prescrito no Item 2e do Edital SECADI/MEC Nº 2, de 27 de agosto de 2013, o curso é presencial adotando-se a Alternância Pedagógica como Metodologia:

e) Organização curricular por etapas cumpridas em Regime de Alternância entre Tempo/Universidade e Tempo/Comunidade, entendendo-se por Tempo/Universidade os períodos intensivos de formação presencial no campus universitário e, por Tempo/Comunidade, os períodos intensivos de formação presencial nas comunidades indígenas, com a realização de práticas pedagógicas orientadas. (Grifo nosso)

A proposta pedagógica do curso, baseada no princípio da interculturalidade (cf. Eixos dos Projetos Políticos Pedagógicos das Escolas Indígenas de Pernambuco), promove o encontro entre os saberes indígenas e os demais saberes considerando que estes foram produzidos por sujeitos e espaços históricos, políticos, culturais e sociais determinados. Por isso, estes são saberes contingentes e se tornam universais nos embates políticos e ideológicos. A proposta pedagógica legitima a relação da formação dos professores e professoras indígenas com os projetos de sociedades de cada povo. Para que isso seja possível, o curso forma professores e professoras indígenas com perfil para o ensino e a pesquisa privilegiando a sistematização dos saberes de cada povo, associando esses saberes com aqueles produzidos pelas diversas sociedades humanas visando o envolvimento com a comunidade educativa indígena (MELIÁ, 1979) no universo de saberes que são produzidos na UFPE.

... a Licenciatura Intercultural organiza-se em torno de sete eixos articuladores que perpassam todos os componentes curriculares. São eles: Terra, Identidade, História, Organização e Sociabilidade, Interculturalidade e Dialogicidade, Línguas e Linguagens, Escola Indígena e Docência.

Os períodos do curso estão articulados pelo componente curricular “Laboratório Intercultural” que, ao mesmo tempo, fecha um ciclo de estudos e anuncia procedimentos de estudo e pesquisa do próximo período. Os laboratórios propõem atividades integradoras entre os conhecimentos a serem trabalhados pelos componentes curriculares do período e o que foi desenvolvido como trabalho ou pesquisa no tempo comunidade, propiciando uma maior ênfase e dialogicidade com os eixos temáticos. Para tanto, deve-se considerar os conceitos, os conteúdos e as experiências pedagógicas vivenciadas ao longo dos períodos do tempo universidade e do tempo comunidade. Os laboratórios constituem-se, portanto, em momentos de socialização das aprendizagens construídas, das pesquisas realizadas; de elaboração de material didático específico para as escolas das áreas indígenas de Pernambuco; de vivências prospectoras da interculturalidade, enquanto material a ser incorporado aos conhecimentos e práticas acadêmicas dos componentes curriculares do módulo em andamento; como também de avaliação das aprendizagens.