O Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA) www.ufpe.br/ppga do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) da UFPE promove defesa da tese de doutorado “Identidade e territorialidade na comunidade remanescente de quilombo Ilha de São Vicente na região do Bico do Papagaio – Tocantins”, de autoria de Rita de Cássia Domingues Lopes, professora da UFT. A defesa será hoje (7), às 14h, no PPGA, no Campus Recife.
A pesquisa foi orientada pelo professor Peter Schröder (PPGA/UFPE). A tese tem como tema a história das lutas territoriais de uma comunidade quilombola no norte do estado do Tocantins, mas também oferece um amplo panorama da história pouco conhecida das comunidades quilombolas naquele estado.
A banca examinadora será composta pelos professores Edwin Boudewijn Reesink (PPGA/UFPE), Vânia Rocha Fialho de Paiva e Souza (PPGA/UFPE), João Batista de Jesus Felix (UFT) e Carmen Lúcia Silva Lima (UFPI).
Resumo
A tese discute identidade e territorialidade na comunidade remanescente de quilombo Ilha de São Vicente, localizada no Rio Araguaia, município de Araguatins, na região Bico do Papagaio, norte do Estado do Tocantins. As pessoas dessa comunidade, como ocorreu em várias outras comunidades negras no Brasil, assumiram a identidade quilombola após recuperarem sua história e sua origem por meio de suas memórias, e lutam pela garantia dos direitos assegurados pela Constituição Federal de 1988, que criou, também, esta nova categoria política, sociológica e jurídica, compreendendo uma multiplicidade de casos identificados pelo país. Nesse sentido, discutem-se a história, a forma e a dinâmica da ocupação agrária da região do Bico do Papagaio e sua influência na identificação quilombola e na territorialidade da referida comunidade. Também trata da presença negra no Tocantins e das comunidades quilombolas localizadas no norte do estado. Diante do exposto, esta pesquisa caracteriza-se como qualitativa, utilizando o método etnográfico, onde foram realizadas as seguintes etapas: levantamento bibliográfico e documental; trabalho de campo com as técnicas de observação participante e entrevistas semiestruturadas; organização e análise dos dados obtidos durante as etapas de campo. Os resultados obtidos demonstram que os elementos identitários estão na relação com os territórios físico, ambiental e simbólico, demonstrado nas relações sociais estabelecidas dentro e fora dessa comunidade. As identidades e as distinções em que estão implicados os sujeitos não são práticas neutras, mas sim permeadas por conflito e negociação, configurando uma questão de poder e de política, daí a distinção interna entre quilombola e remanescente. A comunidade constrói e dá significado ao lugar, partindo dos vínculos com a terra, com as águas (rio e lagoas), com as relações de parentesco/afinidade que unem as famílias. Assim, a memória de suas referências históricas de origem, a manutenção do grupo de parentesco/afinidade e as ligações com o território demonstram que, dentro de um cenário regional, estes elementos marcam uma identidade de luta pelos direitos assegurados constitucionalmente, para, desta maneira, garantir as suas terras e serem de respeitados.
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