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Comunicadores digitais utilizam o YouTube para relatar suas vivências com o HIV e combater preconceitos
Pesquisa defende que abordagem e formato em primeira pessoa nos vídeos ajudam a aproximar a audiência do tema
Por Marcela Dourado
Em 2021, completaram-se 40 anos do primeiro caso confirmado de síndrome da imunodeficiência adquirida (aids) nos Estados Unidos. Muito se avançou sobre os tratamentos, que hoje oferecem uma melhor qualidade de vida para pessoas que convivem com o vírus - entretanto, ainda há muito a se avançar no que diz respeito às narrativas midiáticas sobre o HIV. Foi pensando nesse tema que o mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Phelipe Rodrigues da Silva realizou a pesquisa “40 anos depois: relatos de comunicadores vivendo com HIV no YouTube”. Orientado pelos professores Isaltina Maria de Azevedo Mello Gomes e Diego Andres Salcedo, o jornalista fez uma análise de como canais no YouTube que trazem o relato biográfico de pessoas soropositivas têm contribuído para uma nova possibilidade contra o estigma relacionado ao vírus.
Analisando o conteúdo desses canais, o pesquisador concluiu que há uma mudança na comunicação sobre o HIV em relação à mídia massiva a partir da produção discursiva em primeira pessoa nas redes sociais como Facebook, Instagram, Twitter e YouTube, que trazem possibilidades da informação construída na forma de diários, abordando as problemáticas da condição crônica ou do estigma associado a ela numa perspectiva humanizada. Isso se diferencia da informação trazida pelo campo das notícias, que está mais relacionada à produção científica dos avanços na terapia antirretroviral e na possibilidade efetiva de cura, com a eliminação do HIV do genoma de animais vivos.
Na pesquisa, o autor defende que se vive atualmente, especialmente no contexto da presença da televisão e da internet na vida social, uma passagem do “grande testemunho” para o “pequeno testemunho” de um relato sobre acontecimentos relacionados a processos de sistemática violência estatal contra determinados grupos sociais. No caso das pessoas que decidem testemunhar sobre o HIV/aids, esses depoimentos passaram por alterações. Isso porque a expectativa de vida com o HIV pode ser a mesma de alguém com sorologia negativa para o vírus quando a adesão às terapias antirretrovirais é feita com acompanhamento profissional, impedindo a debilidade física e a fase avançada do vírus, a aids, como ocorria com mais frequência até o início dos anos 1990. A morte não é mais um futuro anunciado para quem vive com o HIV.
Segundo o autor, o testemunho online se expandiu na cultura contemporânea, demonstrando a função política desses relatos como narrativas que promovem a visibilidade de vivências e experiências LGBTQIA+ - a maioria dos canais é de homens gays - que priorizam o protagonismo e buscam constituir uma alternativa à falta de representatividade na mídia tradicional.
Ao utilizar vídeos no YouTube para expressar a vivência sobre a sorologia em primeira pessoa, o estudo permite a análise de questões históricas e cotidianas relacionadas ao vírus. O conteúdo dos vídeos vai desde o momento do diagnóstico, passando por consultas com infectologistas, a adesão aos medicamentos, a vida amorosa de uma pessoa com sorologia positiva para o vírus, até a permanência do estigma da sexualidade de pessoas que vivem com o HIV.
“A narrativa em rede de pessoas vivendo com o vírus aproxima-se, em sua forma, do processo terapêutico, mas também traz características de um projeto de educação em saúde sexual que pode alinhavar militância, vigilância e entretenimento. Neste caso, uma proposta de informação para prevenção a riscos ligada a um cuidado de si, que é percebida ostensivamente no discurso dos youtubers que reafirmam a ausência de informações para o jovem na faixa mais vulnerável para novas infecções, entre os 15 anos e 24 anos”, explica.
ARTIGO - Um recorte da pesquisa de Phelipe Rodrigues pode ser consultado no artigo “Disputas pela significação no discurso do HIV/aids: um percurso na ciência, na literatura, na militância LGBTI e nos canais do YouTube”, escrito em parceria com a orientadora Isaltina Mello Gomes e publicado na Revista Eletrônica de Comunicação, Informação e Inovação em Saúde (Reciis), editada pelo Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Mais informações
Programa de Pós-Graduação em Comunicação
(81) 2126-8960
secretaria.ppgcom@ufpe.br
Phelipe Rodrigues da Silva
phlipeph81@gmail.com