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Sistema de carona sustentável é pouco utilizado e divide opiniões entre os ofertantes
A pesquisa foi realizada pela então mestranda em Engenharia Civil, Laize Andréa de Souza Silva.
Por Gabriela Lázaro
Apresentada como uma das alternativas para reduzir a circulação de automóveis e a emissão de gases poluentes, a carona ainda é um método pouco utilizado entre universitários. Em pesquisa realizada com os alunos do Campus Recife da UFPE, a mestre em Engenharia Civil Laize Andréa de Souza Silva constatou que os sistemas de compartilhamento de condução aplicados a campi universitários são viáveis, mas que o fato de haver a opção não garante o seu uso. E explica: “Visto que se tratando da complexidade do comportamento humano e dos processos de tomada de decisão, a simples existência de um sistema não garante o seu sucesso”.
A dissertação “Carona dinâmica como medida de mobilidade sustentável em campus universitário”, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UFPE, buscou abordar as caronas através de duas situações distintas: em casos de caronas casuais, aquelas ofertadas a pessoas conhecidas e que é a maneira mais comum, e em casos de caronas através de sistema dinâmico de caronas — que é uma ferramenta computacional que promove a conexão imediata entre desconhecidos que possuem necessidades de deslocamento semelhantes, baseada na tecnologia de smartphones e de geolocalização.
Orientada pelos professores Maria Leonor Alves Maia e Maurício Oliveira de Andrade, a pesquisadora aplicou 470 questionários com alunos de todos os centros do Campus Recife, que costumam ir à Universidade de carro e que são os possíveis ofertantes de carona, a fim de confirmar sua hipótese de que “o uso da carona pode ser elevado a partir de sistemas de caronas”. Com os resultados obtidos, ficou comprovado que a suposição estava correta. Entretanto, apesar da suspeita estar correta, Laize ressalta que “é necessário que sejam adotadas medidas de segurança que maximizem a confiança empregada no sistema, tendo em vista que o parceiro de viagem é um desconhecido”.
RESULTADOS | Na primeira situação, Laize constatou que “para a carona casual, os fatores fixos (sócio demográficos e de viagem) são mais impactantes na decisão de oferta”; que mulheres são 55% mais prováveis de oferecer carona casualmente e que alunos que frequentam o campus mais de um dia na semana são mais prováveis de ofertar a carona.
Já no caso de um sistema de caronas, ter acesso a um breve perfil do usuário, a preocupação com os impactos ambientais causados pela emissão de poluentes dos automóveis e o aumento da interação social ocasionada pela carona são motivos que contribuem à adesão do sistema.
Diferente das caronas casuais, 60% das mulheres entrevistadas são resistentes a utilização do sistema por conta dos casos de violência. “Devido ao crescente número de casos de violência contra mulheres, precisamente sequestro seguido de estupro, em plena luz do dia nos momentos em que se sai ou entra no carro, eu não participaria desta iniciativa. Principalmente em se tratando em dar carona a um estranho”, afirmou uma das entrevistadas.
Nos dois casos, a redução da privacidade é um dos fatores que acaba dificultando a oferta de caronas. Contudo, não influencia tanto na decisão final; diferentemente do medo de andar com desconhecidos que acaba pesando na decisão. Analisando os dois tipos de carpooling (método conhecido no Brasil como “carona solidária”), Laize concluiu que, embora exista um certo receio da população para aderir ao sistema, “através do compartilhamento de viagens, é possível elevar a qualidade da mobilidade urbana, melhorando as condições de deslocamento de populações universitárias”.
Para a autora, “a aplicação de políticas de cunho informativo e educacional que objetivam encorajar mudanças de comportamento e promover carpooling apresentam-se mais importantes do que interferências em infraestruturas e medidas econômicas”. E, no caso específico do Campus Joaquim Amazonas, Laize vê que “o campus é ausente de medidas que buscam a aplicação de estratégias de incentivo do uso de modos não motorizados” e que “é importante que seja adotada uma Política Institucional de Mobilidade Sustentável”.
Mais informações
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UFPE
(81) 2126.8977/2126.7923
poscivil@ufpe.br / atendimento
Laize Andréa de Souza Silva
laize.civil.upe@gmail.com