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Plantas medicinais são alternativa promissora na prevenção do envelhecimento e de doenças

Cúrcuma, ginseng e raiz de ouro apresentam propriedades antioxidantes, com destaque para a primeira

Por Raiane Andrade

O processo de envelhecimento é marcado pela diminuição da capacidade do organismo de combater os radicais livres, resultando em um aumento do estresse oxidativo nas células. Entretanto algumas espécies de plantas medicinais, como a Curcuma longa, Panax ginseng e Rhodiola rosea, apresentam propriedades antioxidantes que combatem o envelhecimento e doenças. É o que aponta a pesquisadora Uyara Correia de Lima Costa em sua dissertação de mestrado intitulada “Atividade Antioxidante de Plantas Medicinais Utilizadas na Prevenção do Envelhecimento". A pesquisa foi apresentada, em 2022, ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). 

Sob a orientação da professora Elba Lúcia Cavalcanti de Amorim e coorientação de Patrícia Maria da Silva Neri Cruz, o estudo foi realizado utilizando-se extratos secos padronizados. No Laboratório de Produtos Naturais (Lapronat) da UFPE, foram executadas as análises dos antioxidantes sintetizados pelos extratos. “Para os ensaios de atividade antioxidante, realizada por métodos consolidados, destacou-se a espécie de Curcuma longa, na maioria dos ensaios realizados, mostrando sua capacidade antioxidante superior aos demais”, relata Uyara Lima.

A evaporação das frações seguiu a metodologia desenvolvida pelo laboratório, em que os extratos foram submetidos à coluna filtrante de sílica. “As frações foram recolhidas à evaporação, sendo colocados em dessecador para eliminação de resquícios de umidade, obtendo-se os extratos secos”, explica a pesquisadora. 

Posteriormente, utilizando a técnica de Cromatografia em Camada Delgada (CCD) para identificar as principais classes metabólicas presentes nos extratos, foi constatada a presença de polifenóis, composto bioativo, em que a classe dos flavonoides obteve destaque. Os flavonoides, contidos nos três extratos, atuam na proteção contra agentes oxidantes e, consequentemente, contribuem para a redução do estresse oxidativo (excesso de radicais livres no organismo).

A Curcuma longa, também chamada de açafrão da terra ou simplesmente cúrcuma, é um alimento funcional e uma especiaria amplamente utilizada devido ao seu sabor forte e à coloração característica. Seus componentes possuem propriedades terapêuticas relacionadas a atividades antioxidantes, anti-inflamatórias, antimutagênicas e antimicrobianas. Os métodos químicos utilizados durante o estudo, na quantificação e determinação da  atividade antioxidante das espécies analisadas, apontaram o açafrão da terra como aquela de maior potencial antienvelhecimento. 

Outra vantagem apresentada é que a cúrcuma pode ser “utilizada na forma de chá por decocção [a planta é fervida junto com a água] ou infusão, em pó como tempero e em cápsulas como suplemento. Além disso, é usada como aditivo alimentar na indústria alimentícia”, conforme aponta a pesquisadora e também nutricionista Uyara Lima. “É importante ressaltar algumas contraindicações, como é o caso de pacientes em uso de anticoagulantes, além de gestantes e lactantes pela falta de evidências na literatura quanto ao uso seguro nesses casos”, acrescenta. 

Por sua vez, o Panax ginseng, popularmente conhecido como ginseng, trata-se de uma planta medicinal utilizada para combater fadiga física e mental. Possui uma ampla série de atividades farmacológicas, como anti-inflamatória, neuroprotetora, cardioprotetora, hepatoprotetora, antioxidante, antidiabética e antitumoral. É possível consumi-lo nas formas de chá, xarope, comprimidos, cápsulas, em pó e como suplemento alimentar.

De acordo com a pesquisadora, “no doseamento [método para quantificar o teor de substâncias] foi possível observar maior prevalência de compostos secundários nos extratos brutos das plantas”. Com base nisso, verificou-se um valor consideravelmente alto em relação ao teor de cumarinas presentes no extrato bruto das raízes de ginseng, comparado às demais plantas medicinais analisadas.

Com relação à Rhodiola rosea, conhecida pelos nomes raiz de ouro ou raiz dourada, a  planta apresenta propriedades voltadas para o ajuste metabólico, redução da fadiga, melhora da capacidade cognitiva e aumento da linha de defesa antioxidante. Também é utilizada para tratar depressão, ansiedade, doenças cardíacas e patologias relacionadas ao envelhecimento. “E pode ser utilizada em preparações farmacêuticas, aditivos alimentares e suplementos dietéticos [diet] facilmente encontrados no mercado”, explica a pesquisadora.

O uso de fitoterápicos, produtos provenientes de plantas medicinais, apresenta um caráter preventivo e terapêutico. Logo, as espécies que apresentam propriedades antioxidantes neutralizam os radicais livres, de modo a propiciar o fortalecimento do sistema imunológico e a prevenção do envelhecimento. “É uma alternativa segura e de baixo custo para a população, principalmente para aqueles que não têm acesso à assistência médica. Assim, é amplamente utilizada como prática complementar, inclusive nos serviços públicos no Brasil”, relata Uyara Lima. “Porém vale ressaltar que alguns cuidados, como o uso, o cultivo, a colheita e a forma de preparo, devem ser considerados para manutenção da funcionalidade terapêutica das plantas medicinais”, completa.

Mais informações
Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da UFPE 
(81) 2126.7515

ppgcf@ufpe.br

Uyara Correia de Lima Costa
uyara.lima@ufpe.br

Data da última modificação: 15/08/2023, 15:55