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Professora do DQF realiza visita técnica ao grupo FI-Trace na Universidade das Ilhas Baleares na Espanha

Na ocasião, a docente formalizou parceria com grupo de pesquisa para ampliar estudos conjuntos

Por Petra Pastl

A professora Laís Araújo Souza, do Departamento de Química Fundamental (DQF), do Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), realizou uma visita técnica neste mês à Universidade das Ilhas Baleares (UIB), em Palma de Maiorca, na Espanha. Na UIB, Laís Souza firmou parceria com o grupo de pesquisa Flow Injection and Trace Analysis Group (FI-Trace), coordenado pelo professor Manuel Miró, da área de Química Analítica.

Foto: Divulgação

Laís Araújo Souza e o professor Manuel Miró, da UIB

De acordo com Laís Souza, o objetivo principal foi a visita aos novos laboratórios do grupo FI-Trace, onde pôde acompanhar o andamento de algumas pesquisas que estão sendo desenvolvidas e trocar experiências teórico-práticas. “Com isso, pudemos conversar sobre novos trabalhos que pretendemos desenvolver em parceria entre as nossas universidades e, também, a aquisição de enzimas que serão usadas no nosso projeto, que são de difícil acesso e alto custo aqui no Brasil”, explica a professora.

A professora fez o doutorado sanduíche também na UIB em 2017, ocasião em que pôde ampliar sua experiência na área da bioacessibilidade oral e análise em fluxo. Atualmente, Laís Souza possui artigos publicados com o FI-Trace, que foi desenvolvido no pós-doc dela, no Laboratório de Oceanografia Química (LOQ) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), no Brasil, durante a pandemia, sobre “Evidência de alta bioacessibilidade de agentes de contraste de gadolínio em águas naturais após a ingestão oral humana”.

A parceria da professora com o grupo FI-Trace da UIB tem gerado publicações de alta relevância científica como, por exemplo, na “Science of the Total Environment” (Stoten), cujo fator de impacto é 10.753 pelo Journal Citation Reports e Qualis A1 pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Com a parceria haverá, também, o intercâmbio de estudantes e docentes da UFPE, inclusive, o professor Manuel Miró, segundo a professora Laís Souza, provavelmente virá à UFPE em agosto, com data ainda a ser definida.

Uma semana antes da visita técnica, a professora participou do congresso “Aquatic Sciences Meeting 2023”, em Palma de Maiorca, onde o tema mais debatido foi microplástico no meio ambiente e ela apresentou sua pesquisa na área, com o título “Ocorrência de metais traço e elementos terras raras em pellets de plástico””.

Apesar do nome, os elementos terras raras (ou metais terras raras) não são considerados raros e nem terras. Esses elementos possuem propriedades magnéticas, luminescentes, eletroquímicas e térmicas abundantes que os tornaram essenciais para aplicações de alta tecnologia para a transição para energia renovável, especialmente a eletrificação de sistemas de transporte, energia eólica e solar, tecnologias vitais na descarbonização da economia global. Como tal, o uso de elementos terras raras e sua liberação atual para o meio ambiente aumentaram significativamente. Os elementos terras raras são considerados contaminantes emergentes.

Para quem não está familiarizado com o termo: pellets são microplásticos na forma de pequenos grânulos arredondados de até cinco milímetros e estão entre os resíduos sólidos mais encontrados nas praias. Os pellets são produzidos nesse formato para facilitar o transporte em contêineres e sua transformação numa infinidade de objetos plásticos pela indústria. É comum ocorrerem perdas de pellets durante o transporte e manuseio, quando isso ocorre eles são carregados pelas chuvas e rios para os oceanos ou caem diretamente dos navios. O pequeno tamanho desses materiais facilita sua ingestão por organismos marinhos, causando danos físicos diretos.

MICROPLÁSTICO - Logo após a visita técnica, a professora Laís Souza já iniciou os testes no projeto de pesquisa de bioacessibilidade oral de contaminantes em microplásticos. Esse projeto também conta com a parceria do Laboratório de Oceanografia Química da Universidade Federal da Bahia (UFBA), coordenado pela professora Vanessa Hatje.

“O estudo sobre microplástico tem sido de alta relevância na nossa área, pois os microplásticos podem adsorver poluentes orgânicos e inorgânicos em concentrações de ordens de grandeza superiores às da água do mar. Considerando que a toxicidade dos contaminantes aderidos aos microplásticos ainda não foi extensivamente estudada, quando ingeridos por organismos marinhos, os contaminantes podem se tornar biodisponíveis e biomagnificados na cadeia alimentar. Nós iremos simular a ingestão de microplástico para avaliar a bioacessibilidade oral desses contaminantes e os seus potenciais riscos à saúde”, explana Laís Souza.

Os metais traço apresentam grande toxicidade quando presentes em teores elevados nos organismos humano e animal, mas ainda não se sabe ao certo o que os elementos terras raras podem causar mesmo em baixas concentrações. No ambiente aquático, alguns elementos formam compostos orgânicos que bioacumulam nos tecidos de organismos vivos, daí a grande importância que se façam mais pesquisas sobre a exposição humana e do meio ambiente a eles, como a da professora Laís Souza.

Mais informações
Professora Laís Souza

lais.asouza@ufpe.br

Data da última modificação: 03/07/2023, 16:50