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Pesquisadores da UFPE desenvolvem técnica que agiliza perícia de resíduos de disparo de armas de fogo

Estudo tem autoria dos professores Vagner Bezerra dos Santos e Leandro Paulo da Silva, ambos do DQF; e Licarion Pinto, do Departamento de Química Analítica (Uerj)

Técnica desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) possibilita classificar, com agilidade e 100% de precisão, se um disparo foi efetuado por arma de fogo. Denominado “Eletrodos impressos modificados com filme de bismuto para detecção e classificação de resíduos de disparo de arma de fogo”, o trabalho desenvolvido no Laboratório de Instrumentação e Automação em Analítica Aplicada (LIA3), do Departamento de Química Fundamental (DQF), tem autoria dos professores Vagner Bezerra dos Santos e Leandro Paulo da Silva, ambos do DQF; e Licarion Pinto, do Departamento de Química Analítica (DQA) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

O estudo propõe o uso de eletrodos impressos modificados com filme de bismuto (SPE-Bi) e reconhecimento de padrão para detecção de resíduos de tiros (GSR, na sigla em inglês). Atualmente, os profissionais que atuam com perícia empregam a microscopia eletrônica de varredura (MEV), o que faz com que o resultado de um laudo técnico leve meses para ser conhecido. Com a nova técnica, o perito precisaria fazer uso apenas dos eletrodos desenvolvidos na UFPE associados a um equipamento de campo. O resultado, baseado em algoritmos de aprendizagem de máquina (machine learning), seria conhecido em minutos.

De acordo com o professor Vagner dos Santos, o método permitiu classificar com 100% de certeza se um disparo foi feito por arma de fogo ou não, se essa arma seria um revólver ou pistola e, sendo pistola, se seria uma de calibre .40 ou .90. Além do índice de acerto de 100%, o novo método não levou a nenhum falso positivo nos resultados. “A técnica seria usada preliminarmente para se fazer uma espécie de triagem, indicando para análise apenas aquelas amostras que seriam realmente de disparo de arma de fogo”, explica o professor, também líder do LIA3. Conforme adianta o pesquisador, as próximas fases do estudo incluem a construção de modelos para avaliar se é possível identificar outros tipos de resíduos de disparo feitos por outras armas e outros tipos de munições.

As amostras utilizadas no estudo desenvolvido pelos pesquisadores do LIA3 foram obtidas junto ao Instituto de Criminalística Professor Armando Samico (ICPAS), localizado no bairro de Campo Grande, no Recife. Foram coletadas 90 amostras de GSR, divididas de forma igualitária em três tipos de armas, sendo duas delas com munições distintas. Os disparos foram realizados pelos profissionais do IC, que contribuíram ainda com as informações práticas utilizadas na pesquisa.

A relevância do estudo desenvolvido na UFPE foi reconhecida na 4ª edição da Escola de Inverno de Quimiometria do Instituto de Química (IQ) da Universidade de Brasília (UnB). O trabalho foi selecionado como um dos melhores apresentados na seção de pôsteres do evento, realizado em julho. O artigo “Eletrodos impressos modificados com filme de bismuto para detecção e classificação de resíduos de disparo de arma de fogo” encontra-se atualmente em fase de revisão para envio ao periódico Forenses, da Elsevier, classificado como Qualis A.

Data da última modificação: 10/08/2023, 14:47