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Hospital das Clínicas recebe visita do Ministério da Saúde para debater o cuidado à população trans

Encontro abre interlocução do Ministério com o HC, um dos cinco hospitais do Brasil a realizar a cirurgia de transgenitalização no SUS

Um dos cinco hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) a realizar a cirurgia de transgenitalização (ou redesignação sexual) no Brasil, o Hospital das Clínicas da UFPE recebeu membros da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde (Saes) do Ministério da Saúde e da coordenação de saúde LGBT da Secretaria Estadual (SES-PE) para debater o processo transexualizador e o cuidado à população trans, na última sexta-feira (2).

“Essa reunião foi importante para a gente entender a realidade e fazer um diagnóstico de como anda o cuidado a essa população e como está o processo transexualizador aqui no HC e como podemos avançar para que novas ações e políticas sejam estudadas, melhoradas e implantadas com apoio do Ministério da Saúde para a facilitação do acesso das pessoas ao serviço não só no HC, mas em todo o Brasil com a ampliação da oferta”, explica o superintendente do HC, Filipe Carrilho.

O HC é referência no cuidado a essa população, desde a criação do Espaço de Acolhimento e Cuidado Trans (mais conhecido como Espaço Trans), em 2014, quando recebeu o credenciamento do Ministério da Saúde para a implantação dos procedimentos relativos ao processo transexualizador do SUS, por meio da Portaria n° 1.055, de 13 de outubro.

“A visita significa a retomada do diálogo do Ministério da Saúde com os serviços e assinala um tempo que a gente pode conversar e buscar melhorias com a perspectiva da escuta aos profissionais, pesquisadores e movimento social. Essa aproximação traz a possibilidade de melhorias e sinaliza que o Governo está disposto a pensar o SUS tal como ele foi concebido: universal, equânime, igualitário, preservando a autonomia do sujeito e com participação dos movimentos sociais”, destaca a chefe da Unidade de Saúde Mental do HC e coordenadora do Espaço Trans, Suzana Livadias.

Atualmente, o HC acompanha cerca de 320 pessoas no Espaço Trans, que promove o cuidado integral dessa população com ações de benefício à saúde física, mental e social. O Espaço, em parceria com outras áreas assistenciais, proporciona também procedimentos de transformação corporal como hormonização, cirurgia de transgenitalização (do masculino para o feminino), colocação de próteses mamárias, mamoplastia masculinizadora, histerectomia (remoção cirúrgica do útero, que também pode incluir a retirada das trompas e ovários) e tireoplastias (para suavizar o pomo de adão e tornar a voz mais aguda).

Suzana Livadias explica que a intenção do Ministério é formar um Grupo de Trabalho nacional para promover a interlocução entre os serviços de saúde, promovendo trocas de experiências, parcerias e discussões para alcançar melhorias, como a ampliação de cirurgias eletivas, incluindo as de transformações corporais para a população trans.

“Neste momento inicial, o nosso serviço e o do Rio de Janeiro foram convidados para esse diálogo. Isso mostra uma confiança, uma parceria e um respeito pela lógica do cuidado que a gente imprimiu aqui no HC, pelas perspectivas de avanço que temos, pelo interesse nas interlocuções com outros serviços e pela disponibilidade de realizar mais pesquisas com a academia”, ressalta Suzana Livadias.

Além de Filipe Carrilho e de Suzana Livadias, participaram da reunião Flávia Teixeira, diretora de Programa da Saes-MS; Marcos Jonathan, da Saes-MS; Luiz Valério, da coordenadoria de Saúde LGBT da SES-PE; Daniela Feitosa, vice-diretora do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFPE; Maria Carolina, chefe da Unidade de Contratualização do HC; e Manoela Cavalcanti e Paula Azevêdo, psicóloga e enfermeira, respectivamente, do Espaço Trans.

ESPAÇO TRANS - A equipe que compõe o Espaço é multidisciplinar, composta por profissionais da área de Medicina, Psicologia, Serviço Social, Enfermagem e Fonoaudiologia, e conta com a parceria de diversas especialidades como Ginecologia, Mastologia, Urologia, Endocrinologia, Dermatologia e Cirurgia Plástica, entre outras.

O acesso se dá por meio de encaminhamento de uma Unidade Básica de Saúde, mas no momento há lista de espera para acesso ao serviço por haver poucos centros no Estado e no Brasil com um ambulatório específico. O Espaço Trans recebe pessoas de vários estados do Nordeste e até do Norte.

Data da última modificação: 07/06/2023, 14:47