No Brasil, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), mais de 65% das trabalhadoras domésticas são negras. Para falar sobre o panorama do trabalho doméstico no país, o Giro Nordeste conversa, hoje (1º), com a diretora de Apoio Social do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos (Sindoméstico) da Bahia, Marinalva Barbosa. Na conversa, a convidada discute a chamada PEC das Domésticas, regulamentada em 2015 e considerada uma “segunda Lei Áurea”. O Giro Nordeste é veiculado às sextas-feiras no horário das 20h pela TVU (canal 11.1), sendo uma produção da TVE Bahia em parceria com emissoras públicas de rádio e televisão do Nordeste.

Questionada sobre a luta sindical, a bacharel em Direito relembra que “os trabalhadores domésticos antes de 1988 não era reconhecido como profissão, como categoria de classe. Antes de 88, a gente só poderia nos organizar em associação”.

Sobre o acesso à educação, Marinalva rememora sua motivação. “Eu tirei minha primeira RG [carteira de identidade] como analfabeta, então eu tinha muita vergonha do meu RG. A motivação principal foi essa”. E completa: “O acesso à educação para as mulheres negras é muito difícil. Pra mim não foi diferente. Tive dificuldade de me alfabetizar, já me alfabetizei adulta”.

Já sobre a recente formatura em Direito, em 2022, Marinalva Barbosa conta que começou a faculdade particular, em 2013, com muita dificuldade financeira. “Parei várias vezes, mas aí retornava, continuava. É um curso de cinco anos, eu consegui concluir em nove anos porque parei vários semestres”. Ao falar sobre a jornada enquanto trabalhadora doméstica, Marinalva relembra que “uma das coisas que me incomodava muito era chegar numa residência e ter o prato diferenciado, o copo era de extrato de tomate”. E conclui: “Até hoje eu não consigo comprar extrato de tomate em copos de vidro porque eu tenho pavor daquele copo”.