Da assessoria da Rádio Paulo Freire

Já está disponível no canal do YouTube da Rádio Paulo Freire, que leva o nome do seu criador, o documentário realizado como parte das comemorações dos 60 anos da emissora, transformada, desde 2018, em rádio-escola da UFPE. Em seus 43 minutos de duração, o documentário “A rádio que Paulo Freire sonhou” mostra o importante papel que a emissora desempenhou na cena cultural e política de Pernambuco até sua proposta de comunicação emancipatória ser interrompido pelo Golpe Militar de 64.

Criada como parte do Serviço de Extensão Cultural (SEC) da Universidade do Recife, atual UFPE, dirigido por Paulo Freire, a emissora entrou definitivamente no ar em 29 de setembro de 1963, com o nome de Rádio Universidade e com uma perspectiva bem traduzida no seu slogan à época: “uma rádio a serviço da democratização da cultura”. Foi no SEC que Paulo Freire consolidou o que ficaria depois internacionalmente conhecido como o seu “método” de alfabetização de adultos. Em sintonia com a proposta educacional de Paulo Freire, a antiga Rádio Universidade era um importante braço da promoção da cultura, dos saberes populares e da campanha de alfabetização de adultos pautada pela leitura crítica da realidade. 

O documentário apresenta, entre outras coisas, a perseguição sofrida por Paulo Freire e seus colaboradores no SEC por setores políticos, segmentos sociais e intelectuais conservadores, entre eles o sociólogo Gilberto Freyre, que chegou a publicar artigos nos jornais da época que reforçavam a “campanha” da coluna Informe Econômico, do Diario de Pernambuco, contra os “comunistas” do SEC e da Rádio Universidade. Baseado em uma extensa pesquisa documental, depoimentos de pesquisadores e de ex-colaboradores da emissora, inclusive alguns da época de sua fundação, o documentário evidencia o quanto a história desta rádio é também a história de um país.

“A rádio que Paulo Freire sonhou”, exibido pela primeira vez na TVU, em 29 de setembro deste ano, mesmo dia em que a emissora havia entrado no ar, foi produzido pelas equipes do Laboratório de Imagem e Som (LIS) e da Rádio Paulo Freire. O documentário traz depoimentos de ex-colaboradores do SEC e da Rádio Universidade, como Luiz Costa Lima, Marcius Cortez, Hugo Martins, Maria de Jesus Baccarelli e Paulo Figueiredo. Participam ainda, entre outros, os professores e pesquisadores Dimas Veras, Eliete Santiago, José Batista Neto e Flávio Weinstein. A produção também teve o apoio da TVU, do Memorial Denis Bernardes, da Biblioteca Central e da Cátedra Paulo Freire.