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Descoberta científica revela fósseis de insetos do Cretáceo excepcionalmente preservados na Formação Crato

Entre os autores estão duas professoras da UFPE

Por Petra Pastl

Uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Regional do Cariri (Urca), da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), liderada pela pesquisadora Arianny P. Storari, da Ufes, realizou um estudo pioneiro que trouxe à luz descobertas surpreendentes sobre os fósseis da Formação Crato, localizada na Bacia do Araripe, no Nordeste do Brasil. O estudo, intitulado “Exceptionally well-preserved orthopteran proventriculi from the Cretaceous Crato Formation of Brazil”, detalha a primeira descrição de proventrículos fossilizados de nove espécimes de Grylloidea, uma subordem de Orthoptera (grilos), ou seja, como eram o trato digestivo desse tipo de inseto do período Cretáceo, um marco importante na compreensão da paleobiologia desses organismos.

Além de Arianny P. Storari, do Laboratório de Paleontologia, do Departamento de Ciências Biológicas da Ufes, a equipe da pesquisa é formada por Gabriel L. Osés, do Laboratório de Arqueometria e Ciências Aplicadas ao Patrimônio Cultural da USP; por Débora Soares de Almeida-Lima, do Programa de Pós-Graduação em Geociências, do Departamento de Geologia, da UFPE; por Márcia A. Rizzutto, do Laboratório de Arqueometria e Ciências Aplicadas ao Patrimônio Cultural da USP; por Renan Alfredo Machado Bantim, do Programa de Pós-Graduação em Geociências, Departamento de Geologia, da UFPE, do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, da Urca, em Santana do Cariri (CE), e do Laboratório de Paleontologia, da Urca, Crato (CE); por Flaviana Jorge de Lima, professora do Núcleo de Biologia do Centro Acadêmico de Vitória (CAV) da UFPE, e do Programa de Pós-Graduação em Geociências, do Departamento de Geologia, da UFPE; por Taissa Rodrigues, do Laboratório de Paleontologia, do Departamento de Ciências Biológicas da Ufes; e por Juliana Manso Sayão, do Laboratório de Sistemática e Tafonomia de Vertebrados Fósseis (Lapug), do Museu Nacional e da UFRJ.

A pesquisa focou nos proventrículos fossilizados de nove espécimes da subordem Grylloidea, um grupo de Orthoptera que inclui os grilos, encontrados nos calcários laminados da Formação Crato. Em todos os espécimes apresentados na publicação científica, a cutícula externa do abdômen dos indivíduos estava rachada, revelando os proventrículos. O estudo revelou detalhes surpreendentes sobre a estrutura tridimensional desses órgãos, apresentando um corpo globular e um pescoço tubular, características reminiscentes dos grilos modernos. Uma diferença notável, no entanto, foi observada na região globular dos fósseis, onde foram identificadas entre nove e 12 fileiras de divisões paralelas, em contraste com as seis divisões comuns observadas nos grilos atuais.

O uso de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) em dois espécimes destacou a preservação extraordinária de detalhes internos, como dentes médios, dobras e a textura de microvilosidades dentro do órgão. Essas descobertas proporcionam um vislumbre único das complexidades do sistema digestivo de Orthoptera do período Cretáceo e oferecem insights valiosos sobre a evolução desses insetos.

Os pesquisadores destacam a importância do estudo desses fósseis excepcionalmente preservados para reconstruir com precisão ecossistemas antigos. As descobertas não apenas contribuem para nossa compreensão da evolução de Orthoptera, mas também apresentam importantes contribuições para formulações de futuras hipóteses sobre a biodiversidade mais ampla da Formação Crato durante o período Cretáceo.

O artigo completo está disponível para consulta aqui.  

Mais informações
Professora Flaviana Jorge de Lima
Núcleo de Biologia do Centro Acadêmico de Vitória (CAV)

Programa de Pós-Graduação em Geociências da UFPE
flaviana.jorge@ufpe.br

Data da última modificação: 03/01/2024, 15:32