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Artigo sobre redução de poluição atmosférica durante período de lockdown é publicado em revista internacional

Trabalho foi orientado pelo professor Helotonio Carvalho, do Departamento de Biofísica da UFPE

Artigo sobre alterações na poluição do ar resultantes dos bloqueios decorrentes da pandemia de covid-19 no ano de 2020, desenvolvido pela doutoranda Cleonice Maria do Nascimento, do Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz Pernambuco), foi publicado no Journal of Global Health, revista internacional com foco em questões relevantes para a saúde global. O trabalho “Changes in air pollution due to COVID-19 lockdowns in 2020: Limited effect on NO2, PM2.5, and PM10 annual means compared to the new WHO Air Quality Guidelines” foi orientado pelo professor Helotonio Carvalho, do Departamento de Biofísica do Centro de Biociências (CB) da UFPE e por Sheilla Andrade de Oliveira, do Departamento de Imunologia da Fiocruz-PE, tendo ainda participação do professor Otacílio Antunes Santana, também do Departamento de Biofísica do CB.

O estudo teve como objetivo avaliar e comparar as mudanças na qualidade do ar em 42 cidades ao redor do mundo durante o primeiro ano de pandemia. Buscou ainda investigar como elas se relacionaram com as alterações na mobilidade, analisando de que forma os bloqueios afetaram as médias anuais dos poluentes atmosféricos. Para alcançar os resultados, os pesquisadores coletaram e analisaram dados de diferentes poluentes atmosféricos, como material particulado (MP2,5 e MP10) e dióxido de nitrogênio (NO2). Eles utilizaram dados de estações de monitoramento de qualidade do ar coletados em 2020, que foram comparados com dados dos anos de 2016 a 2019. As médias anuais das cidades pesquisadas foram posteriormente comparadas com as novas diretrizes globais de qualidade do ar da Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Os resultados descritos no artigo mostram que, mesmo após reduções bastante significativas nos níveis de poluição em muitas cidades ao redor do mundo durante os períodos de lockdown, a maioria delas está longe de atingir os níveis de qualidade do ar estabelecidos pela OMS”, avalia o professor Helotonio Carvalho. Para ele, seriam necessárias mudanças mais drásticas nos meios de transporte, indústria e produção de energia, entre outros setores, para que os níveis de poluentes atmosféricos diminuam o suficiente para obedecer aos limites estabelecidos pela Organização. “Isso teria um papel essencial também na redução das emissões de gases de efeito estufa, contribuindo para reduzir o aquecimento global”, completa Helotonio.

Os pesquisadores observaram que as maiores quedas nas concentrações de poluentes atmosféricos durante a pandemia, nos meses de fevereiro a abril - em comparação com o período 2016 a 2019 -, foram entre 50% e 70%, com destaque para a redução nas concentrações de dióxido de nitrogênio (NO2) em Nova Deli (-68,2%), Madri (-61,3%) e Wuhan (-61,2%) e de material particulado (MP2,5) nas cidades de Berlim (-63%), Paris (-55,7%) e Abu Dhabi (-54%). Apesar disso, todas as cidades analisadas apresentaram médias anuais de NO2 maiores que os limites estabelecidos pela OMS. Em relação ao MP10, nove cidades ultrapassaram os níveis anuais estabelecidos pela OMS, com destaque para Nova Déli, que mostrou média anual 18 vezes maior que a definida pela Organização.

As cidades analisadas foram escolhidas com base em critérios como níveis de poluição do ar, localização geográfica e disponibilidade de dados históricos. Considerou-se ainda a propagação da pandemia e os consequentes lockdowns, realizados inicialmente na China e depois na Europa, Estados Unidos e demais regiões analisadas. Os dados consideraram inicialmente os meses de fevereiro a abril. Após esse período, as cidades que apresentaram as maiores mudanças nos níveis de poluentes atmosféricos foram selecionadas para uma análise mais aprofundada, que considerou todo o ano de 2020. A poluição do ar é responsável por mais de sete milhões de mortes por ano, sendo associada ao aumento do risco de óbito por diversas doenças, incluindo câncer de pulmão, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC).

Data da última modificação: 27/12/2022, 14:47