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Pós em Geociências promove defesas de duas dissertações hoje (9)
Defesas ocorrerão no edifício escolar do Centro de Tecnologia e Geociências
O Programa de Pós-Graduação em Geociências da UFPE vai promover, hoje (9), às 14, a defesa de duas dissertações desenvolvidas no âmbito do curso do mestrado. O aluno Rafael de Miranda Tavares vai apresentar o trabalho “Aspectos sistemáticos e paleoecológicos dos moluscos gastrópodes e bivalves da formação Maria Farinha, daniano da Bacia da Paraíba, Pedreira Poty Pernambuco, NE do Brasil”, produzido sob orientação das professoras Alcina Magnólia da Silva Franca e Priscilla Albuquerque Pereira (PNPD/Capes - PPGEOC/CTG/UFPE). A defesa de Rafael ocorrerá na Sala de Projeções do Departamento de Geologia (sala 522), localizada no 5º andar do edifício escolar do Centro de Tecnologia e Geociências (CTG) e a banca de examinadores será composta por Alcina Magnólia da Silva Franca (orientadora), Anderson da Conceição Santos Sobral (Unit) e Ludmila Alves Cadeira do Prado (UFPE).
Já o pós-graduando Paulo Ricardo Riedel, que desenvolveu a dissertação “Quimioestratigrafia isotópica de carbono e oxigênio baseada em foraminíferos e ostracodes da transição maastrichtiano-daniano do poço Itamaracá, bacia da Paraíba”, sob orientação dos professores Édison Vicente Oliveira (PPGEOC/UFPE) e Cynthia Lara de Castro Manso (UFS), vai apresentar o trabalho na Sala de Reunião do PPGEOC/CTG/UFPE (sala 326), localizada no 3º andar do edifício escolar do CTG, na presença de uma banca examinadora composta pelos professores Alcides Nóbrega Sial (orientador), José Antonio Barbosa (PPGEOC/UFPE) e Natan Silva Pereira (Uneb).
Resumos
“Aspectos sistemáticos e paleoecológicos dos moluscos gastrópodes e bivalves da formação Maria Farinha, daniano da Bacia da Paraíba, Pedreira Poty Pernambuco, NE do Brasil” - A Formação Maria Farinha representa um ambiente de plataforma rasa que passou por movimentos oscilatórios da linha de costa durante o início da Era Cenozoica, Período Paleógeno Andar Daniano, Bacia da Paraíba. Na Mina Poty, Paulista, PE, são observados os primeiros estratos da formação, bem como o topo da Formação Gramame (Maastrichtiano), com registro da passagem Cretáceo/Paleógeno (K/Pg). Neste trabalho, foram analisados aspectos sistemáticos, tafonômicos e paleoecológicos dos bivalves. gastrópodes e outros elementos da fauna que colonizaram o Mar Maria Farinha, após a grande crise que extingui cerca de 80% da vida marinha. A pesquisa envolveu trabalhos de campo, de laboratório e levantamento bibliográfico e de fósseis da coleção paleontológica do Departamento de Geologia da Universidade Federal de Pernambuco (DEGEO–CTG–UFPE). Foram analisados 866 fósseis coletados na Mina Poty. A fauna estudada é composta pelas ordens de gastrópodes Sorbeoconcha, Caenogastropoda e Neogastropa: distribuídos em sete famílias e nove espécies, a saber: Serratocerithium buaquianum, Turritella soaresana, Campanile brasiliense, Cerithium Harttianum, Euspira parahybensis, Xenophora conchyliophora, Proadusta dalliana, Volutispina radula e Volutispina alticostata. A família Cerithidae com Serratocerithium buaquianum é predominante, embora as famílias Cerithidae e Neogastrópoda sejam mais diversificadas nos estratos da Formação Maria Farinha. Os bivalves estão representados pelas ordens Cardiida (família Cardiidae), Protobranchia (família Nuculanidae), (família Pholadomydae) e Ostreida (família Gryphaeidae) com as espécies: Granocardium soaresanum, Nuculana swiftiana, Pholadomya parahybensis, Gryphaeostrea trachyoptera, respectivamente. A análise da fauna de bivalves e gastrópodes das camadas basais da Formação Maria Farinha, bem como a fauna associada, composta principalmente por crustáceos, equinoides e nautiloides, mostra o predomínio de organismos bentônicos móveis e escavadores, de amplo espectro alimentar, com representantes pouco especializados na dieta, variando de herbívoros, carnívoros e necrófagos, grupos tolerantes a stress ambiental, em águas com poucos nutrientes. Essas características ecológicas dos grupos facilitaram a colonização dos ambientes de plataforma rasa após a crise K/Pg.
“Quimioestratigrafia isotópica de carbono e oxigênio baseada em foraminíferos e ostracodes da transição maastrichtiano-daniano do poço Itamaracá, bacia da Paraíba”- As hipóteses mais discutidas atualmente sobre os possíveis agentes responsáveis pela extinção ocorrida no final do Cretáceo são (I) impacto(s) por asteroide(s); (II) derrames basálticos relacionados à atividade da Grande Província Ígnea do Deccan, na Índia (Deccan Traps); e (III) uma combinação destes fatores. A porção emersa da Bacia da Paraíba, localizada no extremo leste brasileiro, é famosa por seu conteúdo fossilífero e por registrar, até o momento, a sequência mais completa da passagem Cretáceo–Paleógeno (K-Pg) no Brasil, tornando-a um local importante para a investigação das causas do evento de extinção em massa que marca esta passagem. Para este trabalho foram realizadas análises isotópicas de Carbono e Oxigênio em carapaças de foraminíferos e ostracodes recuperadas do testemunho de sondagem do poço 1IT-03-PE, localizado no município de Itamaracá, entre as profundidades de 60,29 e 34,91 metros. As espécies que melhor se adequaram às características de abundância, coexistência com outras espécies a serem analisadas no mesmo nível estratigráfico e bons sinais de preservação foram Cytherella ovoidea, Cytherella piacabucuensis e Paracosta recifensis, para o grupo dos ostracodes, e Guembelitria cretacea e Rugoglobigerina rugosa, para o grupo dos foraminíferos. Os valores de (delta)13C e (delta)18O foram determinados em um espectrômetro de massas de razão isotópica modelo Finnigan-MAT 253 acoplado a um equipamento de preparação automatizada para carbonatos modelo Kiel IV. Foi utilizado o Calcário Solnhofen como padrão de trabalho interno, recalculado para o Vienna Pee Dee Belemnite (VPDB), utilizando o padrão internacional NBS 19. A precisão analítica foi melhor que 0.05 ‰, para (delta)13C, e melhor que 0.032 ‰, para (delta)18O (± 1(sigma), n = 111). Além das análises isotópicas, foram utilizadas lâminas petrográficas e realizados imageamentos por MEV e análises químicas EDS em grãos selecionados do arcabouço litológico do material estudado. Os valores das razões isotópicas das carapaças foram comparados a dados de rocha total, realizado por trabalho anterior, do mesmo testemunho. Os valores de (delta)18O apresentam uma tendência de enriquecimento, em direção ao topo, variando de -6 a -4.5‰. Os valores de (delta)13C apresentam uma tendência suave de enriquecimento, da base para o topo, de 1 a 1.75 ‰, com pequenas excursões positivas e negativas de até 0.5‰, e são relativamente concordantes entre os ostracodes e foraminíferos. Entretanto, os resultados obtidos para Paracosta recifensis divergem em até -1.5 ‰ e +2 ‰ para (delta)13C e (delta)18O, respectivamente, dos dados obtidos para as demais espécies, indicando um forte controle biológico na biomineralização da carapaça desta espécie. Dados petrográficos e de MEV mostraram dolomitização moderada a alta em partes do arcabouço litológico, que poderia ter afetado os valores de (delta)18O em rocha total de trabalhos anteriores. Os resultados de EDS apontam a presença de Ir, anomalamente alto, em um único ponto de um dos grãos analisados, favorecendo a hipótese do impacto. Por outro lado, a comparação dos resultados desta pesquisa com dados bioestratigráficos, realizados anteriormente por outros autores, evidenciam um stress ambiental anterior ao limite K-Pg. Estes fatos suportam a ideia de que o vulcanismo, relacionado aos Deccan Traps, possa ter atuado de forma mais decisiva para o evento de extinção em massa.