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Neurologista do HC explica o que é a Doença de Alzheimer

Evolução da doença se manifesta em sinais como a dificuldade para falar, agitação, insônia, incontinência urinária e fecal e dificuldade para comer

Alterações na memória recente e no comportamento, desorientações espaciais e dificuldades na resolução de problemas cotidianos podem ser os sinais iniciais da Doença de Alzheimer, um transtorno neurodegenerativo progressivo que acomete majoritariamente pessoas acima de 60 anos e que tem o 21 de setembro como o Dia Mundial da Doença de Alzheimer e o Dia Nacional de Conscientização. O Hospital das Clínicas da UFPE é um dos centros de referência do Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado e que oferece tratamento multidisciplinar integral e gratuito para pacientes com Alzheimer. O HC é uma unidade vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

“No início do quadro, as dificuldades tendem a ser leves e podem passar despercebidas. Com o evoluir da doença, o indivíduo apresenta perda de autonomia, quando terceiros assumem tarefas do dia a dia (como pagar contas, administração de medicações etc.), caracterizando a fase de demência da Doença de Alzheimer”, relata o professor Breno Barbosa, da UFPE, também médico neurologista preceptor do HC.

A evolução da doença se manifesta em sinais como a dificuldade para falar, agitação, insônia, incontinência urinária e fecal, dificuldade para comer e, nas fases muito avançadas, deficiência motora progressiva (que pode levar o paciente a ficar acamado) e infecções intercorrentes. Em paralelo, pode vir acompanhada de depressão, ansiedade e apatia.

Breno Barbosa, que acompanha e trata pacientes no ambulatório integrado de Neurologia Cognitiva e Psicogeriatria do HC, explica que a causa da Doença de Alzheimer é de base neurodegenerativa, quando ocorre acúmulo de proteínas anormais no cérebro, sobretudo em áreas importantes para a cognição e o comportamento, como os hipocampos onde se formam novas memórias.

FATORES DE RISCO – “As proteínas envolvidas na Doença de Alzheimer são a beta-amilóide e a tau fosforilada, que levam à disfunção das sinapses (transmissão do impulso nervoso do neurônio para outra célula), morte neuronal e atrofia progressiva do cérebro. O principal fator de risco é o envelhecimento. Existem famílias de maior predisposição genética, mas são a minoria dos casos. Dentre os fatores de risco modificáveis, os principais são a baixa escolaridade (estímulos cerebrais mais complexos retardam o processo da doença), a hipertensão, o diabetes, o tabagismo e consumo excessivo do álcool. Mais recentemente, incluiu-se a poluição das cidades como fator de risco relevante”, destaca o especialista.

A identificação de fatores de risco e dos sintomas iniciais da Doença de Alzheimer são importantes para um melhor resultado terapêutico. Nesses primeiros sinais, é importante procurar avaliação com o especialista ou serviço de saúde - pelo SUS, esse acesso é pelas Unidades Básicas, que podem encaminhar os pacientes para centros especializados como o HC. “A avaliação médica compreende a entrevista completa sobre os sintomas e perdas funcionais, seguida de aplicação de testes cognitivos que atestam o grau e tipo de perda. São solicitados exames de sangue completos para pesquisa de causas reversíveis de demência (como disfunção de tireoide, sífilis ou hipovitaminoses) e exames de neuroimagem (tomografia e ressonância)”, afirma Breno Barbosa.

A Doença de Alzheimer não tem cura, mas tem tratamento. Breno Barbosa esclarece que nenhuma medicação se mostrou ainda eficaz como um fator modificador da doença, que teria o papel curativo ou de impedir a sua progressão. “Os tratamentos farmacológicos atuais são voltados a melhorar a qualidade de vida do paciente e minimizar os sintomas da doença, que infelizmente tem um curso progressivo. Existem ainda várias intervenções não farmacológicas que são fundamentais na reabilitação neurológica como terapia ocupacional, fisioterapia, fonoterapia, estimulação cognitiva, atividades físicas, musicoterapia etc. No HC, os pacientes são acompanhados pelo ambulatório integrado e encaminhados também para essas terapias de reabilitação”, conclui o especialista.

Date of last modification: 20/09/2021, 15:22