O Dia Nacional da Visibilidade Trans será celebrado no Hospital das Clínicas da UFPE com ações educativas, nesta quinta (27) e na sexta-feira (28), véspera da data comemorativa, com panfletagem nas portarias, decoração alusiva ao tema e exibição da campanha “Pessoas trans são como você: humanas e merecem respeito” no totem da portaria 1 do hospital universitário, que é unidade vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

O 29 de janeiro foi escolhido como o Dia Nacional da Visibilidade Trans por ter sido a data em que representantes da comunidade trans, em 2004, realizaram um ato público, em Brasília, como parte da campanha “Travesti e Respeito” para reivindicar direitos e mostrar ao Congresso Nacional a importância do assunto. “Campanhas como esta fazem a sociedade refletir sobre a necessidade de um cuidado específico a essas pessoas. A partir de dados epidemiológicos produzidos, conseguimos caracterizar, por exemplo, o preconceito e a discriminação como fatores de adoecimento psíquico dessa parcela da sociedade”, explica a psicóloga Suzana Livadias, coordenadora do Espaço de Cuidado e Acolhimento Trans e chefe da Unidade de Atenção Psicossocial do HC.

O Espaço Trans foi criado no HC há sete anos e é referência estadual na atenção à saúde da população travesti e transexual. O ambulatório proporciona desde a reflexão sobre escolhas e compartilhamento de experiências até o acompanhamento pós-cirurgia de transgenitalização. “Além do cuidado integral, o Espaço Trans tem o compromisso de poder gerar na comunidade hospitalar – tanto os usuários quanto os profissionais – essa sensibilização sobre as necessidades de cuidado dessa parcela da sociedade que é invisibilizada”, ressalta Suzana Livadias.

ESPAÇO TRANS – A equipe que compõe o Espaço Trans é multidisciplinar, composta por profissionais das áreas de Psicologia, Serviço Social, Fonoaudiologia, Enfermagem, Farmácia e conta com a parceria de diversas especialidades médicas como Ginecologia, Urologia, Endocrinologia, Dermatologia e Cirurgia Plástica, entre outras. Atualmente, 318 pessoas são acompanhadas pelo Espaço Trans: 219 mulheres trans e travestis, 95 homens trans e quatro intersexos.

Para as mulheres trans, os procedimentos disponíveis no HC são a cirurgia de transgenitalização (masculino para o feminino), implantação de próteses de silicone e suavização do Pomo de Adão; e para os homens trans são a mamoplastia masculinizadora e a histerectomia (retirada do útero).

Nestes sete anos, foram realizadas 57 cirurgias de transgenitalização no HC, que é um dos cinco hospitais do Brasil a realizar esse procedimento. Conforme determina o Ministério da Saúde, é necessário que o paciente seja acompanhado pelo serviço por, pelo menos, dois anos para poder se submeter a todos os procedimentos cirúrgicos previstos no programa.