A dona de casa Roselita Nascimento, de 52 anos, moradora de Camaragibe, município da Região Metropolitana do Recife, é uma daquelas pessoas que os profissionais do Hospital das Clínicas da UFPE atuantes no enfrentamento da pandemia da Covid-19 não vão esquecer. Ela foi a segunda a ser internada no dia em que o HC passou a tratar pacientes com a doença, em 18 de abril. Hoje (26), o Brasil registra oficialmente o 6º mês do anúncio do seu primeiro caso de Covid-19. E o HC chega ao seu 131º dia tratando quem chega encaminhado pela Secretaria Estadual de Saúde com a doença.

Egressa de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), o estado de saúde de Roselita era grave. Ficou internada no HC por 81 dias, dos quais 52 no BloCOVIDa, a UTI especialmente montada para receber os pacientes com a Covid-19, com 24 leitos. Dos 81 dias, em 23 dias esteve intubada. Ela é um exemplo de como a doença pode tomar formas graves. Ao todo, 241 pessoas foram internadas no HC, e 1.498 atendidas pela triagem até o último dia 20.

“Eu sou um milagre. Fiquei intubada, tive parada cardiorrespiratória de 20 minutos, trombose, perdi a função de um rim. Mas estou aqui pra contar essa história e agradecer a Deus e a toda a equipe do HC”, relata Roselita, que recebeu a alta hospitalar no dia 9 de julho e segue sendo acompanhada pela equipe de assistência, que avalia a sua recuperação.

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Profissionais comemoram a cura de muitos doentes no HC

No HC, muitos profissionais trabalharam e planejaram para que tudo acontecesse da melhor forma possível. Além da nova UTI com as diversas adequações de estrutura necessárias, houve a entrega das novas instalações da Enfermaria do Serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP) e ampliação da oferta de mais teleatendimentos com apoio do Núcleo de Telessaúde da UFPE, entre tantas outras ações.

PROFISSIONAIS – O cuidado com os profissionais do HC também marcou este período. O treinamento contínuo já capacitou mais de 1.650 pessoas sobre paramentação e desparamentação, higienização das mãos, manobra de prona e supina no paciente crítico, intubação, entre outros. Mais de 2.400 profissionais foram e continuam sendo testados. 

Foi criada ainda uma Rede de Apoio e Acolhimento em Saúde Mental com atendimentos psicológicos e psiquiátricos, além de práticas integrativas e complementares (como sessões de reiki, biomagnetismo, entre outras). O Núcleo de Humanização também realizou ações de conscientização com os usuários nesta retomada das atividades do hospital-escola.

A essa equipe, somaram-se 119 profissionais temporários contratados pelo Processo Seletivo Emergencial da Ebserh que reforça a linha de frente nos hospitais da Rede Ebserh pelo País com médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, biomédicos, entre outros. Um deles é a enfermeira Suzana Marques. “A equipe é muito boa, competente e humana. Está sendo um grande aprendizado profissional e pessoal. Participar daquele corredor com os profissionais aplaudindo os pacientes curados, saindo da UTI para a Enfermaria não tem preço”, afirma.

PESQUISA – Muito conhecimento segue sendo adquirido na prática e na teoria no combate à pandemia. Saberes expandidos com publicações de dezenas de artigos científicos e a realização de 38 pesquisas relacionadas à Covid-19 no HC. Uma delas é o estudo multicêntrico nacional ReumaCoV Brasil (Registro Brasileiro de Covid-19 em Pacientes com Doenças Reumáticas Imunomediadas), com participação de 43 centros, que tem o HC como coordenador.

“Ao longo desse período desafiante, conseguimos lograr muitos êxitos: mantivemos estoques de EPIs; participamos de pesquisas na área produzindo conhecimento; otimizamos serviços de teleatendimentos; inauguramos as novas instalações da Enfermaria de Doenças Infecciosas e Parasitárias; e já iniciamos a retomada gradual das atividades em nosso Plano de Convivência com a Covid-19 prestando assistência aos nossos pacientes de forma segura”, destaca o superintendente do HC, Luiz Alberto Mattos.