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Cavalleria Rusticana abre amanhã (11) a segunda semana do III Festival de Ópera de Pernambuco

Obra de Pietro Mascagni é uma das mais encenadas no mundo inteiro

Da assessoria do evento

A segunda semana do III Festival de Ópera de Pernambuco (Fope) será marcada pela montagem da icônica “Cavalleria Rusticana”, ópera em um ato, que tem música e libreto do compositor italiano Pietro Mascagni (1863-1945), e é uma ópera consagrada e que faz parte do repertório operístico clássico mundial. O Fope é apresentado pela Academia de Ópera e Repertório (AOR) e Sinfonieta UFPE, com produção e realização da Gárgula Produções. O festival, cuja primeira edição aconteceu em agosto de 2019, é uma idealização do maestro Wendell Kettle, professor do Departamento de Música da UFPE, diretor artístico do festival e dos grupos artísticos AOR e Sinfonieta UFPE, criados em 2016 como projetos de extensão da Universidade. Os ingressos estão à venda on-line. 

“Cavalleria Rusticana” é uma das primeiras óperas na história deste gênero a trazer uma certa dose de verismo e realismo. Como convidado, o baixo-barítono gaúcho Daniel Germano fará o papel de “Alfio” na obra que estará em cartaz até domingo no Teatro de Santa Isabel. Na semana que vem, será a vez de “Il Maledetto”, que encerrará a edição deste ano do festival.

O enredo da “Cavalleria Rusticana” se passa no período da Páscoa. Nesse contexto, a proposta cênica e visual dessa montagem do festival construirá paralelos entre a realidade sugerida pelo autor com a realidade do público local brasileiro, para que haja uma maior identificação deste com as situações postas em cena: a religiosidade católica italiana, semelhante à brasileira, referências serão feitas a costumes presentes tanto em cidades sicilianas quanto em cidades como Olinda e localidades mineiras, onde ordens e confrarias marcam os ritos pascalinos. 

Apesar do verismo, a cenografia e as caracterizações visuais dos personagens terão um caráter mais impressionista. Isso se dará através de elementos realistas que possam trazer ao público a sugestão de ambientes, lugares e espaços para que ele os complete com a imaginação. É uma ópera de grande carga dramática e música lindíssima onde os números musicais – tanto as árias e duetos quanto os corais – marcaram profundamente e para sempre a história da ópera.

Wendell Kettle explica ainda que outro ponto de destaque dessa terceira edição do Fope é a realização de um projeto interuniversidades que contará com a participação de cantores e instrumentistas de universidades-irmãs do Nordeste: da Escola de Música da UFRN, do Departamento de Música da UFPB e da Unidade Acadêmica de Música da UFCG. “Destacamos aí a participação da harpista Mônica Cury – professora do Departamento de Música da UFPB que atuará nas óperas A Compadecida e Cavalleria Rusticana. Assim, alunos e professores dessas três universidades se juntarão ao nosso grupo da UFPE na realização desse grande evento operístico em nosso estado”, pontua Kettle.

PARTITURAS – Para a ópera “A Compadecida”, que abriu o III Fope, foi realizado um trabalho minucioso de recuperação da partitura por uma equipe de editores liderada pelo maestro Wendell Kettle. “Essa ópera foi apresentada uma única vez, em 1961, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, por isso temos, praticamente, uma reestreia dela. Com a partitura recuperada, temos a esperança de que teatros de ópera pelo Brasil e mesmo no exterior, assim como outras universidades que têm projetos de fomento à ópera, possam se interessar em montar a nossa “A Compadecida”, diz o maestro.

“Il Maledetto” também passou por um processo de recuperação, mas um pouco diferente: “Restou apenas uma orquestração da abertura da ópera. A parte cantada possui, no manuscrito, apenas o acompanhamento do órgão. Fizemos então uma orquestração para obra completa buscando seguir, o mais fiel possível, o estilo do compositor Euclides Fonseca”, conta Kettle.

CENÁRIO OPERÍSTICO – A AOR e a Sinfonieta UFPE têm sido responsáveis não apenas pelo ressurgimento da cena operística local, mas também por executar obras de verdadeiro e ousado ineditismo nos palcos nordestinos. “A criação do Festival de Ópera de Pernambuco tem gerado uma demanda no mercado do canto lírico e da música erudita na região”, assinala o maestro e docente. “A Gárgula Produções, embora tenha uma gama bastante ampla de atuação no mercado artístico-musical, tem se especializado na produção de espetáculos operísticos. É uma parceria bastante produtiva que temos com a AOR e a Sinfonieta UFPE. Essa parceria tem propiciado o fomento e um verdadeiro ressurgimento da ópera em nosso estado”, diz Jéssica Soares, produtora e diretora executiva do Fope.

Data da última modificação: 10/08/2022, 16:31