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Pesquisa inédita identifica semelhanças moleculares entre modelo animal e pacientes com Alzheimer
O estudo abre portas para que novos medicamentos sejam desenvolvidos e testados com mais precisão

Estudo inédito conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no Instituto Keizo Asami (iLika), revela semelhanças moleculares entre modelo animal e pacientes com Alzheimer, abrindo caminho para a identificação de novos tratamentos da doença. A pesquisa foi publicada, este mês, em artigo no Journal of Neurochemistry, uma das principais revistas científicas do mundo na área da Neuroquímica, vinculada à International Society for Neurochemistry.
Intitulado “Label-Free Proteomic Profiling of the dvls2 (CL2006) Caenorhabditis elegans Alzheimer's Disease (AD) Model Reveals Conserved Molecular Signatures Shared With the Human AD Brain”, o trabalho apresenta, pela primeira vez no mundo, evidências robustas de que o nematoide Caenorhabditis elegans (C. elegans), amplamente utilizado como modelo experimental da Doença de Alzheimer, compartilha semelhanças moleculares com cérebros de pacientes com Alzheimer. Isso confirma que o modelo reflete com precisão aspectos biológicos essenciais da doença.
“Esse modelo é internacionalmente utilizado em estudos sobre Alzheimer por expressar o peptídeo beta-amiloide humano (Aß 1-42), cuja presença e agregação no organismo humano estão diretamente relacionadas ao desenvolvimento da doença. No C. elegans dvls2 (CL2006), a expressão desse peptídeo leva à formação de agregados tóxicos que causam danos celulares significativos, como estresse oxidativo, perda da função neuromuscular e comprometimentos cognitivos, mimetizando aspectos centrais observados na neurodegeneração humana”, detalha Iverson Conrado Bezerra, autor principal do artigo e mestrando em Biologia Aplicada à Saúde pela UFPE.
A pesquisa empregou a proteômica. Essa metodologia consistiu na extração e quantificação de proteínas do modelo C. elegans dvls2 (CL2006), que expressa o peptídeo beta-amiloide humano. As amostras foram analisadas por espectrometria de massas, permitindo a identificação e quantificação diferencial de proteínas. Em seguida, foram realizadas análises bioinformáticas para interpretar os dados, com foco na identificação de vias e processos biológicos alterados, além da comparação com dados transcriptômicos de cérebros humanos com Alzheimer.
“O grande diferencial deste estudo está no fato de ser, até o momento, o primeiro a realizar uma comparação direta e sistemática entre o perfil completo de proteínas (proteoma) de um modelo animal da Doença de Alzheimer em C. elegans e dados de cérebros humanos de pacientes diagnosticados com a condição. Essa abordagem inédita permitiu identificar assinaturas moleculares conservadas, ou seja, proteínas alteradas de forma semelhante tanto no modelo quanto em humanos”, explica Iverson Bezerra, que também estuda o tema para sua dissertação de mestrado.
Em pesquisa biomédica, o uso de modelos animais, que são organismos vivos utilizados em pesquisas científicas para estudar doenças humanas de forma controlada, exige validação rigorosa quanto à sua capacidade de simular a condição humana. Este estudo oferece essa confirmação para o C. elegans, abrindo portas para que novos medicamentos sejam desenvolvidos e testados com mais precisão, acelerando a busca por novas terapias para o Alzheimer.
O trabalho teve a supervisão do professor José Luiz de Lima Filho (diretor do iLika) e da professora Priscila Gubert (chefe do Laboratório de Neuroimunogenética do iLika e orientadora de mestrado de Iverson Bezerra). Também assinam o artigo Emily Raphaely Souza dos Santos, Katarine G. Aurista do Nascimento, Artur José da Silva, Josivan Barbosa de Farias, Maria Luiza de Lima Vitorino e Roberto Afonso da Silva.