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Dr. Affonso Claudio de Freitas Roza

Centésimo Sexagésimo Segundo aniversário do Dr. Affonso Claudio de Freitas Roza, conhecido como Afonso Cláudio, que foi jurisconsulto, professor de direito, historiador, conferencista, foi uma das mais ilustres personalidades de sua época. 
Fotografia de Affonso Claudio – Fonte: IHGES - Ocupante da cadeira n° 1 
 
Originário de família de produtores rurais, Affonso Claudio de Freitas Roza, nascido na freguesia de Mangarahy (fazenda de seu Pai) município de cachoeiro de Santa Leopoldina, na então província do Espirito Santo a 02 de agosto de 1859, filho de José Cláudio de Freitas Rosa e de Rosa Cláudio de Freitas Rosa. Assim como seu bisavô e avô, seu pai foi um proprietário rural bastante conhecido em Santa Leopoldina, mas Afonso Cláudio não seguiu o caminho escolhido por seus ascendentes, que se dedicaram à fazenda de Mangarahy
 
Cursou as primeiras letras em sua província, fez os estudos de nível secundário, em parte, no Colégio das Neves, no Rio de Janeiro, de propriedade de Manoel Ferreira das Neves, latinista espírito-santense, concluindo-os no Ateneu Provincial, em Vitória. Em 1879, Ingressou no Curso Jurídico na Faculdade de Direito do Recife, após ter sido aprovado nos exames preparatórios. Tendo em vista que a Faculdade de Direito de São Paulo era menos distante do Espírito Santo, para lá se transferiu e conforme está escrito na Guia de Transferência Expedida pela Faculdade de Direito do Recife, que a 15 de novembro de 1879, tiram guia nesta para a Faculdade de Direito de São Paulo o estudante Affonso Cláudio de Freitas Roza, filho de José Cláudio de Freitas, natural da Província do Espirito Santo, onde foi batizado a 09 de outubro de 1879, fez ato das matérias do primeiro ano desta Faculdade em que foi aprovado plenamente e que por esta secretaria nada costa que o impossibilite de continuar seus estudos na Faculdade de São Paulo como requereu ao Dr. Francisco de Paula Baptista. 
 
Surpreendentemente, o estudante Affonso Cláudio não permaneceu por muito tempo nas Arcadas do Largo de São Francisco e retornou para a capital pernambucana, em 1883, onde concluiu o ensino superior ao lado de Clóvis Beviláqua e Martins Júnior, seus grandes amigos de todos os tempos. Aos 24 anos de idade, bacharelou-se em ciências jurídicas e sociais na Faculdade de Direito do Recife em 09 de Novembro de 1883 e foi aprovado Plenamente.
 
Em 1883, as ideias de Tobias Barreto e Sílvio Romero exerceram importante influência na sua formação. Fez conferências e escreveu em jornais sobre a causa abolicionista.
 
Depois de formado, voltou ao Espírito Santo, em 29 de setembro de 1884 –  casou-se com Maria Espíndola de Freitas Rosa e dedicou-se à advocacia. De 1884 a 1887 foi procurador fiscal dos Feitos do Tesouro Provincial e em 1887 começou a lecionar geografia e história universal no Ateneu Provincial.
 
Fundou, assim, a Sociedade Libertadora Domingos Martins, junto a Aristides Freire, Cândido Costa, Cleto Nunes, Francisco Escobar, Moniz Freire e Poggi de Figueiredo. Foi, dentre os nossos defensores da Abolição, o mais atuante. Assinada a Lei Áurea, Afonso Cláudio se engaja noutra campanha de reivindicação social: a republicana. Aliando-se aos componentes do Clube Republicano de Itapemirim(fundado em 1877), comandado por Antônio Gomes Aguirre e Bernardo Horta de Araújo, dedicou-se à propaganda na capital e no norte da província, tudo fazendo no sentido de incentivar e congregar a população em torno da campanha cívica. Proferindo conferências e escrevendo nos jornais O Cachoeirano, de Cachoeiro de Itapemirim, e A Tribuna, de Anchieta (ES). 
 
Após a proclamação da República em 15 de novembro de 1889, foi nomeado o primeiro governador republicano da sua província do Espírito Santo e tomou posse em 22 de novembro de 1889 a 7 de janeiro de 1890, já que era a pessoa de maior responsabilidade no movimento republicano. Decorridos os dez primeiros meses de seu laborioso governo, sofrendo oposição de republicanos descontentes com seu governo e de parte dos monarquistas, licenciou-se por motivo de saúde em 9 de setembro de 1890, quando foi substituído por Constante Sodré, e acabou por renunciar em 20 de novembro, quando Henrique Coutinho assumiu seu lugar.
 
Em 1891, reorganizado o Tribunal de Justiça do Estado, ali exerceu a presidência, como desembargador. Após um período de ausência para cuidar da saúde no Rio de Janeiro, retornou e foi designado procurador-geral do estado (1916-1917). Aposentando-se em 1920, quando transferiu residência para o Rio de Janeiro, aí advogando ao lado de Coelho Lisboa e de seu filho Alarico de Freitas. Como também, ingressou no magistério superior, dedicando-se a lecionar Direito Romano na Faculdade de Direito de Niterói.
 
Pertenceu ao Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo e foi membro fundador da Academia Espírito-santense de Letras (fundado em 12 de junho de 1916). Assim como da Academia Espírito-Santense de Letras, onde foi o primeiro ocupante da cadeira n° 1, e patrono da cadeira n° 27. Em seu discurso de posse, em 1923, fez o elogio do patrono de sua cadeira, e traçou o significado que vislumbrava para a novel instituição criada e em que entrava. 
 
Um grande estudioso, tinha hábitos de estudo que não alterava: a morte veio surpreendê-lo no seu gabinete de trabalho, no meio de sua biblioteca, quando estudava, as 15 horas do sábado, no dia 16 de junho de 1934. Sentiu-se mal, tocado, pelo aviso da morte e subiu ao quarto, onde expirou na agonia lenta, de um justo, sem remorsos, cercado dos carinhos dos seus, as 19:40 hs, vitima de uma angina pectoris. Faleceu na cidade do Rio de Janeiro a 16 de junho de 1934, repentinamente, na sua residência a rua Aristides Lobo, 46, o Desembargador aposentado do Tribunal da Relação do Estado do Espirito Santo, Dr. Affonso Cláudio. O enterro do ilustre magistrado e professor foi no dia 17 de junho de 1934 as 17 horas, o féretro saiu da rua Aristides Lobo, 46 para o cemitério de são Francisco Xavier.
 
Nenhum outro escritor espírito-santense nos legou obra mais ampla, mais meditada, mais duradoura, na qual se destacam trabalhos de Direito, de História e Crítica, de Sociologia e Etnografia, tendo publicado os seguintes títulos: 
 
  • A Insurreição do Queimado, 1885, edição d’ A Província, Vitória; 
  • História da Literatura Espírito-santense, 1913, edição do Comércio do Porto; 
  • História da propaganda republicana, 2002; 
  • Biografia do Dr. João Clímaco, Rio de Janeiro, 1902, edição do Instituto Profissional; 
  • Bosquejo biográfico do Dr. Clóvis Bevilacqua, 1916, edição do Instituto Histórico do Ceará; 
  • As tribos. Negros importados e sua distribuição no Brasil. Os grandes mercados de escravos, edição do Instituto Histórico do Rio de Janeiro, 1914; 
  • Comentário à Lei da Organização Judiciária do Estado do Espírito Santo, 1894; 
  • Guia oficial do registro civil, 1917, edição do Diário da Manhã; 
  • Consultas e pareceres, 1919, edição da Empresa das Artes Gráficas, Vitória; 
  • Estudos de Direito Romano (1º volume), 1916, edição do Jornal do Comércio do Rio de Janeiro; 
  • Da retenção do cadáver do devedor em garantia do direito creditório, entre os romanos (tese de concurso), 1916, edição de Besnard Frères, Rio de Janeiro; 
  • Filosofia do Direito, Rio de Janeiro, Tipografia do Jornal do Comércio, 1912, 50 p.; 
  • Do domínio e sua evolução no direito antigo e moderno, 1920, edição da Revista de Direito, abril de 1922; 
  • Da exterritorialidade das leis reguladoras do Estado e da capacidade das pessoas. Do divórcio e da conversão das sentenças de separação de corpos em dissolução do vínculo matrimonial, na jurisprudência internacional, 1916, edição de Besnard Fréres, Rio de Janeiro; 
  • Gênesis da obrigação jurídica; 
  • Do verdadeiro suporte psicológico da obrigação jurídica, edição do Jornal do Comércio, Rio de Janeiro, 1921; 
  • Conferência feita no Centro Espírito-santense no 97º aniversário do martírio de Domingos Martins, Rio de Janeiro, 1914, edição da Revista Sciencias e Letras; 
  • Discurso pronunciado na colação de grau dos bacharéis do Instituto Universitário, 1915, edição da mesma revista; 
  • Discurso proferido no centenário do fuzilamento de Domingos Martins, Vitória, 1917, edição do Diário da Manhã; 
  • Conferência sobre a expressão do ideal no paganismo e no cristianismo, edição das Artes Gráficas, Vitória, 1918; 
  • Trovas e cantares capixabas, 1923, edição da Papelaria Santa Helena, Rio de Janeiro. 
Fontes Consultadas:
 
>> Academia Espírito-Santense de Letras - Patrono da cadeira n° 27
 
>> Academia Espírito-Santense de Letras - Ocupante da cadeira n° 1
 
>> Biblioteca Nacional digital Brasil -  Diario da Manhã : Orgão do Partido Constructor (ES) -  02 de agosto de 1930
 
>> Biblioteca Nacional digital Brasil -  Jornal do Commercio (RJ) - 17 de junho de 1934
 
>> Biblioteca Nacional digital Brasil -  Jornal do Brasil (RJ) - 17 de junho de 1934
 
>> Biblioteca Nacional digital Brasil -  A Noite (RJ) - 18 de junho de 1934
 
>> Biblioteca Nacional digital Brasil -  Jornal do Brasil (RJ) - 19  de junho de 1934
 
>> Biblioteca Nacional digital Brasil -  Diario da Manhã : Orgão do Partido Constructor (ES)  - 01 de junho de 1935
 
>> Biblioteca Nacional digital Brasil -  Almanak do Correio da Manhã (RJ) - 1943
 
>> Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil - primeira-republica - Cláudio, Afonso
 
>> Governo do Estado do Espírito Santo - Secretaria de Estado da Cultura - Arquivo Público do Estado do Espírito Santo -  Projeto Biblioteca Digital - História da Litteratura Espirito-Santense - Affonso Claudio
 
>> Livro das guias de transferências expedidas pela faculdade de direito do recife - 1879 - 1885 
 
>> Lista geral dos bacharéis e doutores que tem obtido o respectivo grau na Faculdade de Direito do Recife, desde a sua fundação em Olinda, no ano de 1828, até o ano de 1931 .  – Acervo do Arquivo da FDR   – Acervo do Arquivo da FDR
 
>> Livro de Registro de diplomas de bacharéis (1881 – 1894) – Acervo do Arquivo da FDR
 
>> Lista geral dos estudantes matriculados na Faculdade de Direito do Recife nos anos de 1870 a 1879. 
 
>> Lista geral dos estudantes matriculados na Faculdade de Direito do Recife nos anos de 1881 a 1887. 
 
>> Nomura, Hitoshi. Vultos do folclore brasileiro - edição especial para o acervo virtual oswaldo lamartine de faria
Data da última modificação: 01/08/2021, 19:58