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Pós-Graduação em Geociências da UFPE promove amanhã (27) duas defesas de tese de doutorado
Ambos os trabalhos serão apresentados via Google Meet
O Programa de Pós-Graduação em Geociências (PPGEOC) da UFPE promove amanhã (27) duas defesas de tese de doutorado. Às 9h, a doutoranda Luciana Dantas dos Santos apresentará seu trabalho “Sedimentação Holocênica no Sistema Estuarino-Lagunar dos Rios Ipojuca e Merepe (PE)”. Ela foi orientada pelos professores Roberto Lima Barcellos (orientador) e Rafael Cabral Carvalho (Deakin University/Austrália), coorientador. A defesa ocorrerá por meio de videoconferência através do Google Meet.
A banca examinadora será formada pelos professores Roberto Lima Barcellos (orientador), José Antonio Barbosa (PPGEOC/CTG/UFPE), Virgínio Henrique de Miranda Lopes Neumann (PPGEOC/CTG/UFPE), Carlos Augusto França Schettini (Furg) e Manuel de Jesus Flores Montes (UFPE).
A segunda defesa ocorrerá às 14h. José Diego Dias Veras, orientado por Virgínio Henrique de Miranda Lopes Neumann e coorientado por João Adauto de Souza Neto (UFPE), apresentará a tese “Interpretação Paleoambiental da Formação Tambaba (Eoceno) da Sub-Bacia Alhandra, Bacia Paraíba, por meio de Estudos Sedimentológicos, Estratigráficos e Geoquímicos”, por videoconferência através do Google Meet.
A banca examinadora será formada pelos docentes Virgínio Henrique de Miranda Lopes Neumann (orientador), Mário Ferreira de Lima Filho (PPGEOC/CTG/UFPE), Valderez Pinto Ferreira (PPGEOC/CTG/UFPE), Alex Souza Moraes (UFRPE) e Anelise Losangela Bertotti (UFPE).
Resumo 1
O sistema estuarino-lagunar dos rios Ipojuca e Merepe faz parte do Complexo Industrial Portuário de Suape (CIPS), localizado na Baía de Suape (8°20’S/34°57’W) a cerca de 40 quilômetros ao sul do Recife. O presente trabalho traz os capítulos 1, 2, 3, 4 e 5 da tese intitulada “Sedimentação holocênica no sistema estuarino-lagunar dos rios Ipojuca e Merepe (PE)” com o objetivo de estabelecer e evoluir os conhecimentos sobre a dinâmica sedimentar atual e recente no sistema estuarino dos rios Ipojuca e Merepe (PE). O Capítulo I consiste em uma introdução geral. Os resultados foram divididos em três artigos: capítulo II, III e IV. e o capítulo V, consiste nas conclusões gerais. Os resultados indicaram que os sedimentos são, em geral, litoclásticos arenosos, com baixos conteúdos de MOT de origem predominantemente continental e mista condicionados pelos tipos de sedimentos e pelas entradas distintas de materiais às quais cada subambiente é submetido e influenciado pelos fatores: hidrodinâmica, profundidade local e a geologia. As mudanças estruturais sofridas pela instalação do CIPS são refletidas na composição sedimentar e o sistema é influenciado pela sazonalidade (inverno e verão). Foi possível identificar áreas preferências de deposição: porto interno; baía de Suape, estuário do Massangana, plataforma interna, laguna de Muro Alto, baía de Ipojuca, e os estuários dos rios Ipojuca e Merepe. Resultante das alterações, principalmente na morfologia de fundo da baía do Ipojuca e da batimetria rasa. Apesar de altos valores de MOS quando comparados aos outros estuários pernambucanos, pode-se dizer que os níveis de COT são baixos e estão abaixo do valor de alerta da resolução do Conama, com exceção de duas amostras, ST35 e ST09. Os impactos antropogênicos causados pelo uso e ocupação do solo associados à rápida urbanização e à instalação do porto de Suape foram registrados nos sedimentos através da mudança das assinaturas geoquímicas ao longo da coluna sedimentar. Observa-se um aumento sensível nos teores de lamas, MO e d15N em direção ao presente na unidade 2. Associado às mudanças nas condições ambientais naturais devido ao contínuo aporte de lama efetuado no Antropoceno pelo delta-intralagunar do Rio Ipojuca. A coluna sedimentar possui uma alta taxa de sedimentação (0,65 cm.ano-1) com uma mudança na qualidade da matéria orgânica local, mais enriquecida em d15N (MO de origem bacteriana) ainda na unidade 1. Os dados do BPN indicam sedimentos eutróficos a hipertróficos na Unidade 2, quando comparados à unidade basal 1. Aliado ao indicativo de influência marinha ligeiramente maior na Unidade 1. A fase 2 é marcada pelo aumento de teores orgânicos e mudanças no padrão sedimentar decorrente das mudanças ocorridas no complexo estuarino neste período.
Resumo 2
A Formação Tambaba possui idade eocênica e ocorre de forma restrita em superfície na região costeira norte da Bacia Paraíba. Anteriormente, os depósitos carbonáticos constituintes desta unidade eram frequentemente citados como Formação Marinha Farinha Superior, admitindo-se uma formação estratigráfica distinta da Formação Marinha Farinha (de idade Paleocênica). Este trabalho teve como objetivo a construção de um modelo paleoambiental dos calcários recifais da referida formação através de estudos sedimentológicos, estratigráficos e geoquímicos. Os afloramentos estudados estão localizados na faixa costeira entre as praias de Tambaba, Coqueirinho e Jacumã, no estado da Paraíba. Estes depósitos carbonáticos apresentam um aspecto coquinoide e devido à erosão, um aspecto ruiniforme irregular. Porções acumuladoras de bivalves e gastrópodes propiciaram um intenso processo de bioerosão, causado principalmente por organismos perfuradores. Além disso, apresentam uma intensa variação de fácies que foram caracterizadas através de microscopia óptica e catodoluminescência entre Mudstones, Wackestones e Packstones. São compostas essencialmente por uma matriz micrítica com a presença ainda de pirita e sílica em menores proporções, entretanto, as fácies sofrem o processo diagenético de substituição de calcita por dolomita (dolomitização). Outros processos diagenéticos como dissolução, cimentação e compactação foram identificados nos estudos petrográficos. A evidência de bastante piritização substituindo valvas e fragmentos de bioclastos, e substituindo tubos de Thallassinoides indicam um estágio eodiagenético. Os valores de d13C variam de 1.0 a 2.8‰ e os de d18O, de -1.3 a 1.8‰ VPDB, sugerindo deposição em ambiente de plataforma rasa restrito. Análises por fluorescência de raios-X sugeriram alterações diagenéticas, como dedolomitização (Mn/Sr varia de 0.6 a 28) e dolomitização sugerido pela alta razão Mg/Ca (0.5 a 0.6). Além disso, os baixos teores de SiO2 e Al2O3 corroboram o baixo influxo de materiais terrígenos. A interpretação dessa resposta sugere mudanças ambientais, como aumento ou diminuição da bioprodutividade dos organismos que compõem esses calcários recifais. Essas mudanças também são registradas no comportamento dos elementos principais e traços – por exemplo, a relação entre SiO2, Al2O3, MgO e CaO, caracterizando dois ciclos diferentes durante a deposição desses calcários: o primeiro caracterizado por uma deposição predominantemente carbonática, e o segundo apresentando pulso de conteúdo siliciclástico. Além disso, os valores de paleotemperatura (9-15°C, a partir de dados de d18O) obtidos, juntamente com os perfis quimioestratigráficos de estudos anteriores (por exemplo, d13C, CaO, MgO, SiO2, Al2O3), indicam que os calcários de recife da Formação Tambaba foram provavelmente depositados cerca de 5Ma após o evento Paleoceno-Eoceno Térmico Máximo.