Pesquisadores/as, extensionistas e migrantes transnacionais de diversas regiões realizam nos dias 25 e 26 de setembro o I Encontro Nacional de Extensão Universitária com Imigrantes e Refugiados. A UFPE está presente na organização através do Grupo Migra - Migrações, Mobilidades e Gestão Contemporânea de Populações, responsável por projetos de extensão como o 'Rádio Migra: construção de uma rádio migrante' e o 'Cartografias migrantes: jornadas, territórios e identidades de migrantes e refugiados em Pernambuco'.

A iniciativa integra os esforços conjuntos das universidades e de grupos migrantes na aproximação das experiências construídas na academia com os desafios e necessidades prioritárias das pessoas migrantes que vivem no Brasil. Junto à pesquisa e ao ensino, a extensão é um dos pilares da formação universitária e desde Paulo Freire tem sido pensada como a partilha/comunhão que desloca as fronteiras da universidade para os campos da vida social brasileira. No Brasil, no que se refere ao plano jurídico, houve avanços recentes com a aprovação da Lei de Migração de 2017 – fruto da luta de migrantes junto com entidades representativas. No entanto, o Brasil não está separado do contexto geopolítico global, que hostiliza esse grupo social, formado sobretudo por populações do Sul global, e dificulta o acesso a direitos, a exemplo da saga enfrentada para obtenção do auxílio emergencial. 

No cotidiano de atuação da extensão universitária, nas mais diferentes regiões do país, fica evidente a piora nas condições de precariedade no trabalho e na vida durante a crise sanitária da Covid-19, atingindo de forma ainda mais brutal imigrantes em situação indocumentada e/ou que desconhecem o idioma, as leis e códigos culturais, estando mais expostos a demissões arbitrárias, ameaças de despejos, trabalho análogo à escravidão, violência doméstica e racial, criminalização, dentre outras violações recorrentes agravadas por falta de políticas e redes de apoio.

Os desafios oriundos desse contexto obrigam a universidade a construir conjuntamente a coletivos, movimentos sociais, associações e migrantes ativistas (e etc.) novos parâmetros de acolhimento, inserção e luta por cidadania. Entre esses desafios, podemos citar a revalidação de diplomas, o acesso aos sistemas de saúde, de educação, de justiça e de assistência social com qualidade, a democratização do ensino do português brasileiro, a valorização e o reconhecimento das práticas culturais e a presença não estigmatizada desses indivíduos em mídias educativas, alternativas e tradicionais.

Nessa perspectiva, o objetivo prioritário do I Encontro Nacional de Extensão Universitária com Imigrantes e Refugiados é mapear e conectar projetos realizados entre grupos universitários e migrantes. Durante o evento, serão discutidas algumas das experiências extensionistas em eixos temáticos definidos a partir do mapeamento nacional (ver mapa abaixo), além de oferecer um Workshop sobre desafios da revalidação de diplomas a partir da perspectiva de migrantes. Propõe-se, por meio do evento, constituir uma rede multidisciplinar que siga trabalhando com a ênfase de tornar menos opacas as fronteiras entre sociedade, migração e universidade no atual complexo contexto de crise.

Os interessados podem fazer sua inscrição gratuitamente em www.even3.com.br/encontroextensaomigracao2021. Os incritos terão direito a certificado. Os projetos podem ser inscritos no mapeamento colaborativo para integrar a Rede de Extensão Universitária com Imigrantes e Refugiados (REUNIR) através de formulário disponível aqui.

A REUNIR atualmente pelos projetos Fronteiras Cruzadas (Unicamp); Grupo Migra (UFPE), Cátedras Sérgio Vieira de Mello-UFG e Unicamp, ProMigra (USP),  Diaspotics (UFRJ), Somos Migrantes (UFRR), Estórias Migrantes (UFRR), NEPEMIGRA (UFRGS), MIGRAIDH/CSVM (UFSM), CSVM-UFPR, Arquitetura Resiliente (UFG), CRIM (UFMG) e Programa para Refugiados (USP)/Bibli-ASPA.