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Exposição internacional da ONU tem participação de mestrando da UFPE

Rennan Peixe expressou o seu mundo numa fotografia, uma das 75 selecionadas para a mostra, que teve mais de 50 mil trabalhos inscritos de mais de 130 países

Por Ana Célia de Sá

Um manifesto visual de um mundo de esperança e sonhos para o futuro define a exposição virtual internacional #TheWorldWeWant (O Mundo que Queremos), que comemora os 75 anos da Organização das Nações Unidas (ONU), completados no último sábado (24). E foi a partir deste mote que o fotógrafo Rennan Peixe, mestrando em Artes Visuais pela UFPE/UFPB, expressou o seu mundo numa fotografia, uma das 75 selecionadas para a mostra, que teve mais de 50 mil trabalhos inscritos oriundos de mais de 130 países.

A fotografia de Rennan Peixe, feita no ano de 2019, retrata a alegria e a naturalidade de integrantes do grupo de dança de mulheres negras Ara Agotimé. “A mensagem principal da minha fotografia é a representação do corpo negro em estado de felicidade. Minha fotografia é um contradiscurso às construções visuais que colocam o corpo negro numa condição de subalternidade e que permeiam o imaginário social”, explicou o fotógrafo.

Foto: Rennan Peixe

Integrantes do grupo de dança de mulheres negras Ara Agotimé

Dessa forma, ele pretende quebrar estereótipos vinculados às pessoas negras, buscando a paridade social, o respeito e a igualdade entre as etnias, inclusive no que se refere às mulheres negras. “Eu trabalho com a imagem negra. O meu percurso enquanto artista visual, fotógrafo, é pautado na discussão étnico-racial e na luta antirracista”, disse.

“A mensagem que eu deixo é que o mundo que eu quero é o mundo que represente os corpos negros dentro da sua naturalidade, sem estereótipos e sem estigmas sociais”, enfatizou Rennan. Ele comemorou o fato de ter o seu trabalho selecionado para a exposição da ONU, ocupando um espaço social muitas vezes negado à população negra, da qual ele faz parte, na estrutura social vigente. “É um marco na minha carreira enquanto artista. E que não seja só um marco para mim, mas que seja um marco também para outras pessoas, outros jovens negros e negras que buscam também ascender ou colocar o seu trabalho artístico em outro patamar, em outra condição”, declarou.

De origem periférica e apoiado pela mãe, que comprou o seu primeiro equipamento fotográfico com pagamento dividido em 24 parcelas, Rennan tem buscado quebrar barreiras sociais mediante sua atuação como profissional da área visual, ativista e pesquisador. Aluno do Mestrado em Artes Visuais pela UFPE/UFPB, ele desenvolve estudo sobre processos criativos e afrofuturismo, sob orientação da professora Maria das Vitórias Negreiros do Amaral, que é coordenadora na UFPE do Programa Associado de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV) da UFPE/UFPB.

“O meu trabalho é mais do que um trabalho acadêmico. É um trabalho de vida, é um trabalho de militância, que busca afirmar a identidade do povo negro, afirmar a identidade dos corpos que ora estão colocados em subalternidade, mas que também são corpos em potência”, afirmou. “Então, a ligação [da pesquisa] com o meu trabalho [como fotógrafo] é essa representação do corpo num futuro possível. E que esse futuro possível seja um futuro em que a gente tenha uma paridade social independente da opção de gênero, independentemente da racialização e independente da nossa religiosidade. Que a gente possa ser respeitado como qualquer outro”, concluiu.

Mais informações
Instagram de Rennan Peixe 

Data da última modificação: 28/10/2020, 15:33