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Avaliação clínica e imunológica de pacientes assintomáticos infectados pela SARS-CoV-2

A pesquisa, que estudou pacientes sintomáticos e assintomáticos, no distrito de Wanzhou, descobriu que, entre aqueles que apresentaram resultados positivos para a presença dos anticorpos IgG, mais de 90% dos pacientes mostraram declínios acentuados de tais anticorpos dentro de dois a três meses. A porcentagem média de declínio foi de mais de 70% em pacientes sintomáticos e assintomáticos.

Título original: Clinical and immunological assessment of asymptomatic SARS-CoV-2 infections

Título traduzido: Avaliação clínica e imunológica de pacientes assintomáticos infectados pela SARS-CoV-2

Autores: Quan-Xin Long, Xiao-Jun Tang, Qiu-Lin Shi, Qin Li, Hai-Jun Deng, Jun Yuan, Jie-Li Hu, Wei Xu, Yong Zhang, Fa-Jin Lv, Kun Su, Fan Zhang, Jiang Gong, Bo Wu, Xia-Mao Liu, Jin-Jing Li, Jing-Fu Qiu, Juan Chen & Ai-Long Huang

Projeto Covid-19 e a Matemática das Epidemias - Fazendo a Ponte entre Ciência e Sociedade

Tradução: Danillo Barros de Souza e Jonatas Teodomiro

Síntese: Camila Sousa e Júlia Lyra

Coordenação: Felipe Wergete Cruz

 

Introdução

Na corrida em busca de uma solução para a crise sanitária imposta pelo novo coronavírus, pesquisadores ao redor do mundo têm investigado, dentre outras questões, qual seria a duração da imunidade adquirida por pacientes recuperados da Covid-19.  

Uma pesquisa liderada por cientistas da Universidade Médica de Chongqing, na China, recentemente publicada na revista Nature Medicine, revelou que os níveis de anticorpos encontrados em pessoas infectadas pela Sars-Cov-2 diminuíram entre dois a três meses após a infecção.

Com tais resultados, entram em xeque estratégias como “passaportes de imunidade” e, por efeito, a tese de uma suposta imunidade de rebanho, quando o número de pessoas resistentes ao vírus atinge um percentual expressivo suficiente para que ele não encontre mais indivíduos suscetíveis à doença. 

 

Destrinchando

A pesquisa, que estudou 37 pacientes sintomáticos e 37 assintomáticos, no distrito de Wanzhou, descobriu que, entre aqueles que apresentaram resultados positivos para a presença dos anticorpos IgG (Imunoglobulina G), um dos principais tipos induzidos após a contaminação, mais de 90% dos pacientes mostraram declínios acentuados de tais anticorpos dentro de dois a três meses. A porcentagem média de declínio foi de mais de 70% em pacientes sintomáticos e assintomáticos.  

Os níveis de IgG específicos da SARS-CoV-2 no grupo assintomático são, na fase aguda, significativamente menores que no grupo sintomático (Fig. 3a). Dos indivíduos assintomáticos, 93.3% tiveram uma redução nos níveis desse anticorpo, comparados com 96.8% de pacientes sintomáticos, ambos testados entre 3 e 4 semanas após exposição ao vírus. Outra conclusão do estudo foi que o IgG, considerado o anticorpo mais abundante no corpo humano, apareceu mais tarde e com maior duração.

Por sua vez, o anticorpo IgM (Imunoglobulina M), primeiro a ser produzido pelo organismo para combater infecções, apresentou uma taxa de 62.2% em paciente assintomáticos, e de 78.4% no grupo com sintomas. Dessa forma, o estudo concluiu que as infecções sem expressão de sintomas em pacientes obtiveram níveis de anticorpos mais baixos do que entre aqueles diagnosticados com a Covid-19, apesar de semelhantes nos dois grupos. 

Utilizando um ensaio de neutralização com pseudovírus (que detecta anticorpos capazes de neutralizar a replicação do vírus), também foi observado uma queda de 81.1% nos níveis de anticorpos neutralizantes no sangue do grupo assintomático e 62.2% do grupo sintomático. A porcentagem média de queda de anticorpos neutralizantes no sangue foi de 8.2% para indivíduos assintomáticos e, em sintomáticos, de 11.7% (Fig. 3d).

Além disso, 40% do grupo assintomático e 12.9% do grupo sintomático, se tornaram soronegativo para IgG (Fig. 3e). Contagem sanguínea completa, função coagulativa, funções renais e do fígado e biomarcadores (qualquer coisa que possa ser usada como um indicador de um estado de doença particular ou algum outro estado fisiológico de um organismo) foram mensurados na admissão dos pacientes ao hospital, para se monitorar a potencial progressão da doença.  

 

Clique aqui para ler o artigo na íntegra. 

Data da última modificação: 24/07/2020, 22:02