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Lemte-UFPE desenvolve estratégia de vacina contra a Covid-19 com uso de leveduras e parte para etapa de testes pré-clínicos

A levedura favorece e potencializa a atividade da vacina no organismo

O Laboratório de Estudos Moleculares e Terapia Experimental (Lemte) da UFPE, que vem desenvolvendo estratégias vacinais contra a Covid-19, chega em nova etapa de estudos para enfrentamento da doença. Os pesquisadores conseguiram elaborar uma estrutura artificial (antígeno sintético) que pode estimular o sistema imune e promover proteção contra a doença. Além disso, o grupo aposta na utilização de leveduras como elemento de transporte da vacina, o que potencializa a resposta imunológica do organismo. A fase de pesquisa exploratória, de caráter mais teórico e de simulação, foi finalizada e agora o laboratório parte para a preparação dos diferentes candidatos vacinais e de testes pré-clínicos.

De acordo com o coordenador do laboratório, professor Antonio Carlos de Freitas, associados à elaboração e à síntese do antígeno sintético, foram estabelecidos os componentes necessários para o desenvolvimento de uma nova estratégia vacinal que envolve o uso de leveduras como carreadoras das vacinas de DNA ou de RNA contendo o antígeno. Uma das vantagens do uso de leveduras é dificultar a destruição da vacina de DNA ou RNA no organismo, pois ela funciona como uma barreira de proteção e, dessa forma, possibilita o uso de menos agente imunizante. Além disso, componentes da levedura agem como adjuvantes naturais, potencializando a resposta imunológica.

Além de ser empregada para o transporte (carreamento) de vacinas de DNA ou RNA, outra estratégia vacinal a ser usada pelo grupo do Lemte é a alteração da estrutura da levedura, de forma a associar um pedaço da estrutura genômica da Sars-CoV-2 (proteína Spike) na parede da levedura. A estratégia deve aumentar a possibilidade de se cobrir as diferentes variantes virais circulantes no Brasil. Dessa forma, o grupo do Lemte aposta em três estratégias vacinais diferentes, a partir de vacinas de DNA e de RNA carreadas por levedura e de levedura ancorando o antígeno viral. O grupo trabalha com três antígenos virais diferentes: Spike, nucleocapsídeo e multiepitopo sintético.

Os novos candidatos vacinais agora em produção devem ser avaliados em teste pré-clínico entre junho e julho. “Nós cumprimos a primeira etapa do processo, ou seja, desenvolvemos um antígeno sintético que acreditamos que poderá estimular melhor o sistema imune e assim ser mais eficaz contra o Sars-CoV-2”, explica o pesquisador. Os resultados foram atingidos depois do estudo exploratório efetuado entre julho e novembro de 2020, com dados de diferentes genomas do Sars-CoV-2, em que foram identificadas diferentes sequências virais capazes de promover uma resposta imune contra o vírus. 

Docente do Departamento de Genética da Universidade, Antonio Freitas explana os resultados parciais do trabalho desenvolvido no laboratório nessa nova etapa concluída. “Além disso, isolamos e sintetizamos as sequências virais de Spike (o antígeno mais usado nas vacinas atuais) e do nucleocapsídeo (uma aposta nossa para imunização). Também preparamos os vetores para vacina de DNA ‘nu’ e para carreamento por levedura (vacina de célula toda). Temos outras estratégias em andamento: vacina de RNA carregada por levedura e vacina de levedura ancorado o antígeno viral”. Segundo o professor, as vacinas devem estar prontas para teste em animais por volta de junho.

A pesquisa envolve, além do professor Antonio, a imunologista do Departamento de Antibióticos Cristiane Moutinho Lagos de Melo; o especialista em Bioinformática e análise genômica e professor Valdir de Queiroz Balbino, também do Departamento de Genética; e o especialista no modelo Lentiviral e responsável pelo laboratório central do Centro de Biociências (CB) Antônio Roberto de Lucena Araújo. 

Os estudos contam também com a contribuição de pesquisadores do Instituto de Pesquisa Aggeu Magalhaes, Lindomar José Pena e Cristian Reis, e com a colaboração do laboratório de desenvolvimento de vacinas da Universidade de São Paulo (USP), a partir de Luís Carlos Sousa Ferreira, e do Laboratório de Biologia Celular da Universidade de Brasília (UnB) com Fernando Gonçalves Torres Araripe.

O trabalho tem apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), pelo Edital nº 11/2020 Fármacos e Imunologia, do Ministério Público do Trabalho de Pernambuco e da Facepe, através do Edital PPSUS 2020 (Programa de Pesquisa para o SUS).

Mais informações
Professor Antonio Carlos de Freitas

acfreitas.ufpe@gmail.com

Data da última modificação: 15/03/2021, 17:33