Trinta e oito projetos de pesquisas científicas foram protocolados no Núcleo de Apoio à Pesquisa (NAP) do Hospital das Clínicas da UFPE sobre a Covid-19 e os seus mais diversos impactos, características, possibilidades de tratamento, testes, entre outras abordagens, do começo de abril até agosto. Muitos deles já estão com as pesquisas sendo desenvolvidas, enquanto outros estão na fase de validação documental. A tendência é que mais pesquisas sejam realizadas no hospital-escola, que está tratando pacientes com a Covid-19, desde abril passado. O HC é unidade vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

No rol de pesquisas, uma grande variedade de abordagens, muitas delas realizadas em conjunto com outros centros produtores de ciência em Pernambuco e no Brasil, como, por exemplo, o Estudo Brasileiro de Pacientes com Doenças Inflamatórias Crônicas Imunomediadas, que tem financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e apoio da Sociedade Brasileira de Reumatologia, sendo o HC coordenador nacional. 

Os objetivos do estudo são avaliar o impacto da Covid-19 nos pacientes de doenças reumáticas (analisando a influência de fatores como uso de medicamentos e tipo de sintomas apresentados) e como cada doença reumática impacta no desenvolvimento da Covid nesses pacientes. “É muito importante e gratificante que o HC esteja na coordenação de um projeto tão grande e valioso cientificamente”, explica a reumatologista e coordenadora do estudo, Cláudia Marques.

MEDICAMENTOS – Há pesquisas que vão estudar a possibilidade de eficácia de medicamentos já comprovada em outras doenças, mas que ainda estão sendo testados e analisados para a Covid-19, como as combinações de atazanavir, ritonavir e doxiciclina, ou a análise da ivermectina e da colchicina como monoterapias e de ambas associadas; e estudo dos efeitos de antimaláricos que são utilizados de forma crônica em pacientes com doenças reumáticas. Também está sendo testada e analisada a terapia do plasma de convalescentes (pessoas recuperadas) da Covid-19.

“A Covid-19 tem provocado um boom de estudos no mundo inteiro e isso é bom porque estimula a produção do conhecimento. Foi assim também com a aids, com a dengue, zika e chicungunha. A aids, por exemplo, vem sendo pesquisada há muito tempo e, assim, a evolução das descobertas tem gerado impacto substancial na sobrevida dos pacientes com o HIV”, explica o chefe da Unidade de Gerenciamento da Produção Científica do HC, Décio Medeiros.

Há estudos ainda que correlacionam dados clínicos, imunológicos e genéticos dos pacientes; que vão analisar os efeitos da doença na Oftalmologia, na Reumatologia, na Nefrologia, entre outras especialidades. Pesquisas também se propõem a analisar o impacto da obesidade no desenvolvimento da forma grave da Covid; o impacto na saúde materna e perinatal; realizar a investigação e mapeamento imunológico de pacientes infectados com o novo coronavírus; e estudar os aspectos clínicos, nutricionais e sociodemográficos associados à mortalidade nos pacientes.

Também está sendo desenvolvido um teste rápido para detectar a doença em cerca de uma hora e meia por meio da técnica molecular chamada RT-Lamp (Amplificação Isotérmica Mediada por Alça com Transcrição Reversa), em parceria com o Departamento de Micologia da UFPE e com a Fundação Oswaldo Cruz em Pernambuco (Fiocruz-PE); e um estudo nacional que analisa o uso da tomografia computadorizada em pacientes com pneumonia por Covid-19, entre outras pesquisas.