Como tratar a materialidade do patrimônio cultural construído sem perder de vista seus aspectos intangíveis? Essa é uma das perguntas fundamentais abordadas em “Materialidade e imaterialidade no patrimônio construído: Brasil e Itália em diálogo”, novo livro físico da Editora UFPE. Escrita pela docente Natália Miranda Vieira-de-Araújo, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano (MDU.PPGDU) e pesquisadora do Laboratório de Urbanismo e Patrimônio Cultural (LUP) da UFPE, a obra apresenta os resultados da pesquisa de pós-doutorado da autora, realizada na Università di Roma “La Sapienza”, com um período de estudos na Università degli Studi “Gabriele d’Annunzio” di Chieti-Pescara. 

O livro terá dois lançamentos. O primeiro vai ser realizado de modo virtual amanhã (29), às 14h, através do canal do MDU.PPGDU no YouTube e contará com a participação dos professores Giovanni Carbonara, da Università di Roma “La Sapienza” (supervisor da pesquisa e autor do Prefácio); Claudio Varagnoli, da Università di Chieti-Pescara (autor da Apresentação); Beatriz Kühl, da Universidade de São Paulo; e Renata Cabral, coordenadora do LUP, além da própria autora e do editor da Editora UFPE, Artur Ataíde. 

Um segundo lançamento, dessa vez presencial, com possibilidade de presença de público, acontecerá no dia 8 de abril, às 18h30, no Auditório 2 do Memorial de Medicina da UFPE, localizado no bairro do Derby, em Recife. De hoje (28) a 8 de abril, a obra estará em pré-venda on-line com o preço promocional de R$ 70. Após esse período, o livro também poderá ser adquirido no site da Editora UFPE por R$ 80, sem custo de envio.

A obra se insere num importante debate contemporâneo acerca da preservação do patrimônio cultural: o papel dos dados culturais intangíveis – a imaterialidade – na determinação dos modos de intervenção sobre a materialidade construída em edificações históricas. A autora constrói seu argumento a partir da ideia de simbiose entre materialidade e imaterialidade, defendendo, assim, que o compromisso conceitual e operativo apoia uma face sem prejudicar a outra. Tal simbiose é esclarecida e discutida na obra a partir de um aliado fundamental: o olhar concreto sobre o tratamento de ruínas em diferentes projetos de intervenção no Brasil e na Itália.

Um dos tópicos abordados pela autora é o tratamento dado pelos italianos às suas ruínas históricas, tais como o Templo de Apolo em Veio, a Crypta Balbi, o Palazzo Valentini, as Termas de Caracalla e a Basílica de Siponto. Já com respeito às práticas brasileiras de preservação arquitetônica, a professora Natália Miranda Vieira-de-Araújo faz reflexões sobre a trajetória do campo preservacionista no Brasil, dedicando especial atenção ao modo como os aspectos material e imaterial são referidos na legislação preservacionista do país, e analisa, entre os exemplos brasileiros de projeto de intervenção, os núcleos urbanos de Olinda, em Pernambuco, e de Ouro Preto, em Minas Gerais, entre outros.

Na apresentação da obra, o professor Claudio Varagnoli, da Università di Chieti-Pescara, menciona que a publicação “move-se com confiança nessa dimensão global, graças às experiências da autora em campo internacional e à rede de relações universitárias às quais esse livro faz referência: um grupo consistente de estudiosos, profissionais, pesquisadores brasileiros, que há muito estabeleceu relações estáveis com colegas em várias partes da Europa, especialmente na Itália”. 

Já o professor emérito da Università di Roma “La Sapienza” Giovanni Carbonara destaca no prefácio: “Há de se concordar com a afirmação da professora Natália Miranda Vieira-de-Araújo, subjacente a todo o trabalho de pesquisa apresentado, sobre a necessidade de se operar ‘simbioticamente’ nas duas frentes, a material e a imaterial, mesmo quando se utilizam as ferramentas do ‘virtual’ como termos de comparação e, em alguns casos, como instrumentos de conexão entre as duas realidades”.

Além do livro, o período de estudo da autora na Itália rendeu como fruto o estabelecimento de um projeto de cooperação científica internacional, firmado entre a UFPE e a Università degli Studi “Gabriele d’Annunzio” di Chieti-Pescara, que beneficiará alunos e professores de graduação e pós-graduação.