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UFPE registra patente de tubo biopolimérico voltado a reparo de lesões nervosas

Usado em cirurgias, biopolímero tem capacidade de ser absorvido sem necessidade de nova cirurgia

A UFPE obteve a concessão da patente “Tubo biopolimérico, processo de obtenção e seus usos”, registrada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e publicada na Revista Propriedade da Propriedade Industrial (RPI). O tubo tem aplicações nas áreas de Química, Farmácia e Medicina associado ao controle de umidade, proteção ultravioleta, retardante de chama, efeito antimicrobiano, dentre outras funcionalidades. 

Os tubos foram confeccionados com uma espessura de parede de 0,1mm, 9mm de comprimento e um diâmetro interno final de 2,3mm, esterilizados por radiação gama e mantidos estéreis até o seu uso, durante o procedimento cirúrgico. O desenvolvimento de polímeros biodegradáveis tem recebido grande atenção nos últimos anos por terem ampla aplicação na área ambiental e biomédica, tais como dispositivos implantáveis e para cateterismo. A atividade é também promissora no campo da engenharia de tecidos.

A patente é resultado da pesquisa desenvolvida pelo professor Rodrigo Fragoso de Andrade durante doutorado realizado no Programa de Pós-Graduação em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento da UFPE, sob orientação da professora Silvia Regina Arruda de Moraes. Rodrigo é docente do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal do Ceará (UFC). A tese “Efeitos da associação do ultrassom terapêutico e de células mononucleares da medula óssea na regeneração do nervo periférico” pode ser acessada no Repositório Digital da UFPE Attena. 

Também colaboraram com a pesquisa o professor Ivson Bezerra da Silva, do Departamento de Morfologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), e Deniele Bezerra Lós, doutora em Biotecnologia pela Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio) na UFPE. Além da patente, o trabalho resultou em artigo publicado em revista internacional em 2019. 

“Esses são dados preliminares, com achados em animais de laboratório. Mas, junto a outros estudos com o mesmo material aplicado em diferentes tecidos, o biopolímero se mostra um potencial candidato para aplicação em reparo tecidual em humanos num futuro próximo. Ainda precisamos de mais estudos em animais, em diferentes condições, em que o uso do biopolímero se mostre efetivo”, explica Ivson Silva.

APLICAÇÕES – Diante de uma situação de lesão total em nervos periféricos, a chamada neurotmese, há a necessidade de reparo com rafia, ou seja, com sutura ou costura. As primeiras rafias em nervos datam de mais de 150 anos. Ao longo do tempo, observou-se que as suturas términos-terminais, quando realizadas sob tensão, resultam em limitações do ponto de vista da função do nervo.

Daí surge a importante aplicação de um tecido interposto entre os cotos, extremidades, do nervo seccionado, a fim de guiar o processo de formação do nervo após uma lesão. Essa cirurgia é denominada cirurgia de tubulização. Em grande parte das vezes se utiliza um tubo de plástico, polietileno, e isso resulta em uma limitação, que é uma nova cirurgia após o processo de reparo nervoso para retirada do material que serviu como um guia.

Como o biopolímero é uma celulose sintetizada a partir da fermentação bacteriana no melaço da cana-de-açúcar, ele tem a capacidade de, quando usado como um tubo guia na cirurgia de tubulização para reparo de lesões nervosas periféricas, envolver, naturalmente, o tecido recém-formado, sendo absorvido sem que haja a necessidade de uma nova cirurgia para retirada do tubo. 

Outros trabalhos também realizados na UFPE já demonstraram que o biopolímero sintetizado a partir do melaço da cana-de-açúcar se mostrou biodegradável e biocompatível aos sistemas biológicos, sendo por isso utilizado no processo de reparação tecidual de alguns sistemas orgânicos.

Mais informações
Rodrigo Fragoso de Andrade

rodfragoso@hotmail.com
Deniele Bezerra Lós
deniele_los@yahoo.com.br
Ivson Bezerra da Silva
ivsonbs@hotmail.com

Data da última modificação: 28/09/2020, 17:06