Fotografia do Dr. Ruy Barbosa. Fonte: Academia Brasileira de Letras 

Há 98 anos morria Ruy Barbosa, que foi advogado, jornalista, parlamentar, diplomata, professor, intelectual e gênio máximo da oratória política e social brasileira.

Conforme consta na certidão de idade, em 05 de maio de 1850, foi batizado solenemente pelo Revendo Vigário José Joaquim Fernandes de Britto – no convento da Sé, a santos óleos Ruy Barbosa, natural de Salvador – BA, nascido em 05 de novembro de 1849, filho legítimo João José Barbosa de Oliveira e Maria Adélia de Oliveira e Almeida. Foram padrinhos o dito Antônio Gonçalves Gravatá e Dona Leopoldina Januária de Oliveira. 

Em março de 1866, seguiu para o Recife. E aos 15 anos idade ainda, ingressou no Curso Jurídico na Faculdade de Direito do Recife, após ter sido aprovado nos exames preparatórios. Mora inicialmente no Mosteiro de São Bento (Olinda), mudando-se pouco depois para uma pensão inglesa no Recife, onde aproveita para praticar o inglês. Estudou na época onde a Faculdade de Direito do Recife funcionava no antigo Colégio dos Jesuítas, na Praça 17 (continuação da Rua do Imperador Pedro II). No dia 09 de março de 1867, fez a inscrição de matrícula na Faculdade de Direito do Recife, conforme segue a imagem abaixo:

Dois anos depois de iniciado o curso, transferiu-se junto com seu colega de faculdade Castro Alves para Faculdade do Largo de São Francisco, em São Paulo, passando a fazer parte da famosa geração acadêmica da revolução liberal que abriu caminho como centro de ideias revolucionárias. Uma das teorias sobre a causa da transferência é que era comum na época, os estudantes iniciarem o curso no Recife e depois transferirem-se para São Paulo para concluí-lo. Na Academia de São Paulo teve por mestre a José Bonifácio, e por colegas Castro Alves, Joaquim Nabuco, Luiz Gama, Américo Campos, Bernardino Pamplona e Ferreira de Menezes; uma geração brilhante, uma mocidade agitada por nobres ideias. Recebe o grau de Bacharel em Direito pela Faculdade de São Paulo em 28 de outubro de 1870. Inicia-se na advocacia (na Bahia), ao lado do conselheiro Manuel Pinto de Sousa Dantas e Pedro Leão Veloso (pai).  

O direito e o jornalismo o seduziam. Iniciou, em 1872, no Diário da Bahia e em comícios, campanha em defesa de eleições diretas e da abolição da escravatura. Defendeu, ainda, o regime federativo e a liberdade religiosa. Fundou o jornal A Imprensa. 

Com a proclamação da República, em 1889, ocupou a pasta da Fazenda do governo Deodoro, exercendo decisiva influência na consolidação jurídica da República. É de sua autoria o Projeto da Constituição de 1891. Posteriormente, por conta de sua forte oposição ao governo Floriano Peixoto, foi processado e perseguido como rebelde. Os desacertos governistas o levaram a adotar doutrinas novas, impetrando habeas-corpus contra decretos que acarretaram a prisão ilegal de civis e militares, entre as quais a de Alexandre José Barbosa Lima. Acabou exilado em Buenos Aires, Lisboa e Londres, de setembro de 1893 até junho de 1895, quando retornou ao Brasil.

No governo Afonso Pena conseguiu notoriedade mundial ao representar o Brasil na II Conferência de Haia, na Holanda, defendendo o princípio da igualdade das nações, formulando brilhante defesa da soberania dos pequenos Estados.

Como político foi senador e duas vezes candidato à Presidência da República. Não foi vitorioso, mas deixou uma coletânea de discursos, notáveis pela beleza da forma, pela paixão civilista e liberal e pelo estudo de costumes políticos brasileiros. Lutou pela reforma do ensino e pela libertação dos escravos.

Na literatura é apontado por muitos como o maior escritor brasileiro, pela correção, pureza e beleza de sua linguagem. Sócio fundador da Academia Brasileira de Letras, ocupou a cadeira no 10 e sucedeu a Machado de Assis na presidência da Casa. Suas obras mais conhecidas são Oração aos moços, Abolicionismo, A queda do Império, Oração dos apóstolos, Cartas da Inglaterra, Contra o militarismo e O Papa e o Concílio.

Na Ata da 10ª Congregação da Faculdade de Direito do Recife, em 08 de agosto de 1918, presidido pelo vice-diretor em exercício Dr. José Vicente Meira de Vasconcelos, menciona que o Professor Dr. Sophronio Portella propõe que seja a Ruy Barbosa conferido o Título de Professor Honorário de acordo com a Lei, pasta a votos e esta proposta é aprovada por 11 votos, tudo votado contra o Dr. Gondim Filho, declarando assim manter o em voto e da Congregação de 05 de maio de 1917. 

E conforme menciona no Livro de Registo de Título, datado no dia 13 de agosto de 1918, onde encontra escrito que a Congregação da Faculdade de Direito do Recife, Estado de Pernambuco, tendo resolvido em sessão de 08 de agosto de 1918, eleger o Dr. Ruy Barbosa seu Professor Honorário, de acordo com os arts. 53 do decreto 11520 de 18 de março de 1915 e 21 ao respectivo Regimento Interno e reconhecimento assim as excepcionais predicados que enobrecem tão preclaro brasileiro, entre os quais se destacou sua presente mentalidade e uma extraordinária cultura literária e jurídica que o consagrou uma verdadeira glória nacional, mandou passar-lhe o presente diploma.

E encontra-se escrito na ata do dia 08 de agosto de 1918, que o Dr. Octávio Tavares propõe que realiza a Congregação uma sessão solene em honra a Ruy Barbosa e que seja orador da mesma em nome da Congregação o Professor Dr. Joaquim Araújo, e que seja realizado no dia 13 de agosto o que foi aprovado.

Em julho de 1922, sofre um grave edema pulmonar, com iminência de morte. Meses depois, em fevereiro de 1923, sofre uma paralisia bulbar. Em 1º de março de 1923, falece em Petrópolis, à tarde, aos 73 anos de idade. O corpo do conselheiro Ruy Barbosa foi transportado para capital, e ficou exposto na Biblioteca Nacional.

Seu corpo foi sepultado em um grande mausoléu familiar, no Cemitério de São João Batista - RJ, onde repousou até 03 de novembro de 1949. Nas comemorações de seu centenário de nascimento, seus restos mortais foram exumados e trasladados para a cidade de Salvador, e colocado no Forum de Salvador - sede do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, onde foram abrigados para uma cripta, onde, da mesma forma, foram depositados os ossos da sua esposa Maria Augusta. Lá está escrito: “Estremeceu a pátria, viveu no trabalho e não perdeu o ideal”. 

 

Fontes consultadas:

>> Academia Brasileira de Letras - Rui Barbosa - Biografia 

>> Biblioteca Nacional digital Brasil -  A Provincia (PE)  - 02 de março de 1923 

>> Biblioteca Nacional digital Brasil -  Jornal de Recife (PE) - 02 de março de 1923 

>> Biblioteca Nacional digital Brasil -  Correio da Manhã (RJ) - 02 de março de 1923 

>> Biblioteca Nacional digital Brasil -  O Jornal (RJ) - 02 de março de 1923 

>> Biblioteca Nacional digital Brasil -  Jornal do Brasil (RJ) - 02 de março de 1923 

>> Biblioteca Nacional digital Brasil -  Diario de Pernambuco (PE) - 03 de março de 1923 

>> Biblioteca Nacional digital Brasil - Diario de Notícias (RJ) - 01 de janeiro de 1950 

>> Fundação Casa Rui Barbosa - Cronologia Rui Barbosa 

>> GASPAR, Lúcia. Rui Barbosa. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. 

>> Livro de Certidão de idade de 1866  – Acervo do Arquivo da FDR  

>> Lista com os nomes dos Títulos de Professores Honorários da Faculdade de Direito do Recife até o dia 31 de dezembro de 1960

>> Livro da Ata  da Congregação da FDR - 1917 - 05 de maio de 1917 - página 56  – Acervo do Arquivo da FDR  - 

>> Livro da Ata  da Congregação da FDR - 1918 - 08 de agosto de 1918 - página 72v  – Acervo do Arquivo da FDR   

>> Livro da Lista geral dos estudantes matriculados na Faculdade de Direito do Recife nos anos de 1860 a 1869  – Acervo do Arquivo da FDR 

>> Livro de Certidão de idade de 1866   – Acervo do Arquivo da FDR 

>> Livro de matrículas  do 2º Ano (1867-1889)   – Acervo do Arquivo da FDR  

>>  Livro de Registo de Título 1911 - 1943 - página 37 v  – Acervo do Arquivo da FDR  

>> Revista Acadêmica da Faculdade de Direito do Recife -  Ano XXVI - 1918 - Principais decisões da Congregação da Faculdade de Direito do Recife em 1918 - página 165