Pesquisa Pesquisa

Voltar

Falta de segurança e de educação no trânsito inibe o uso de bicicleta

O estudo identificou variáveis que influenciam no uso frequente da bicicleta visando colaborar com a elaboração de políticas públicas mais eficazes

Por Lúcio Souza

Andar de bicicleta nos grandes centros não é nada fácil, ainda mais para quem a utiliza como meio de transporte diariamente. A arquiteta Mariana Oliveira da Silveira estudou os fatores que influenciam no uso cotidiano da 'magrela' no Recife e destaca que a falta de respeito dos motoristas é um dos principais fatores negativos. A tese de Mariana, intitulada “O uso da bicicleta sob os fundamentos da Teoria do Comportamento Planejado”, foi orientada pela professora Maria Leonor Alves Maia e apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UFPE em 2016. 

De acordo com a Teoria do Comportamento Planejado (TCP) , que embasou o estudo, a tomada de decisão quanto à realização de uma viagem é um processo que agrega a busca de informações, a análise, a decisão e resolução de problemas. “Nesse processo, o usuário do sistema de transportes escolhe um método para vencer as barreiras espaciais que o impedem de realizar as atividades sociais e econômicas que ele acredita serem necessárias para satisfazer suas necessidades", explica Mariana. 

O estudo identificou variáveis que influenciam no uso frequente da bicicleta visando colaborar com a elaboração de políticas públicas mais eficazes de incentivo ao uso do meio nas cidades, a partir da premissa de que a escolha de um usuário de transportes é muito mais complexa do que simplesmente montar na bicicleta e sair pedalando. Segundo a tese, para usuários e potenciais usuários da bicicleta, as barreiras como problemas de infraestruturas, falta de educação dos motoristas, dentre outros, podem ser obstáculos para a escolha desse modal.

Para entender o uso da bicicleta no Recife, a pesquisadora aplicou, em 2014, um questionário com 102 funcionários do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar) e com 398 membros da UFPE. Estudantes da disciplina eletiva “Tópicos Especiais de Transportes 2”, do curso de graduação de Engenharia Civil da UFPE, ministrada pelos professores Leonardo Meira e Maurício Andrade, auxiliaram na aplicação dos questionários na Universidade, devido ao grande número de pessoas.

No Cesar, onde a maioria dos profissionais tem renda maior que cinco salários, a bicicleta é promovida como um modal de transporte diário; lá, a pesquisa encontrou grande aceitação da bike. Enquanto que, na UFPE, mesmo com o grande número de jovens no campus, a bicicleta é pouco usada. "Esse dado é preocupante pela resistência a este uso justamente por pessoas jovens e que parecem ainda não entender os benefícios que a bicicleta pode trazer para a saúde delas e da cidade; inclusive, nesta amostra, a questão da saúde com o uso da bicicleta nem foi significante estatisticamente", comenta a pesquisadora.

O questionário, analisado a partir da TCP e cálculos de regressão logística, destaca cinco variáveis que influenciam no uso frequente da bicicleta. São elas: infraestrutura cicloviária, benefícios para a saúde, custo da bicicleta e de seu uso, tempo de deslocamento e volume do tráfego motorizado. Essas questões, ligadas ao grau de dificuldade e valores pessoais sobre o uso da bicicleta devem ser observadas e trabalhadas pelas políticas públicas de incentivo.

Mais informações
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UFPE
(81) 2126.8977 | 2126.7923
poscivil@ufpe.br

Mariana Oliveira da Silveira
(81) 3048.0992
maridasilveira@gmail.com

Data da última modificação: 28/09/2017, 13:50