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UFPE concede título de Professora Emérita para Ana Lúcia Coutinho Domingues
Ela foi vestida com a samarra verde, cor que representa a Medicina
A professora Ana Lúcia Coutinho Domingues recebeu o título de Professora Emérita da UFPE nesta sexta-feira (26) de manhã, em cerimônia realizada no Auditório Reitor João Alfredo, localizado no prédio da Reitoria da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Professora aposentada do Departamento de Medicina Clínica do Centro de Ciências Médicas (CCM) da UFPE, Ana Lúcia segue trabalhando como docente do Programa de Pós-Graduação de Medicina Tropical e no atendimento a pacientes. Sua dedicação ao ensino, pesquisa e extensão e ao trabalho como médica, nos quais se destaca o tratamento de pessoas como a doença parasitária esquistossomose mansônica, foram ressaltados durante a cerimônia presidida pelo reitor Alfredo Gomes.
Fotos: Eugênia Bezerra
Reitor entrega o título à professora Ana Lúcia
A mesa da solenidade também foi composta pelo vice-reitor Moacyr Araújo; pelo diretor do CCM, Luiz Alberto Mattos; pelo vice-diretor do CCM, Tercio Bacelar; pela professora Solange Coutinho, do Departamento de Design, representando a comunidade acadêmica e a família da homenageada; e o professor do CCM Edmundo Pessoa, responsável pelo discurso panegírico, no qual são destacados os feitos da pessoa homenageada.
“A professora segue trabalhando, orientando pesquisas, indo ao campus, fazendo atendimento voluntário no ambulatório da Igreja da Torre para pessoas da Vila Santa Luzia. Ana Lúcia foi uma aluna brilhante, sendo a laureada de sua turma e recebendo o Prêmio Amaury Coutinho (1999), concedido pela Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH), com sua tese. Ao longo das últimas quatro décadas, também assistiu diversos pacientes com esquistossomose e hoje o ambulatório continua funcionando com seus seguidores. Nas consultas, ela trata do corpo e da alma. Como sua forma calma e atenciosa de atender pacientes, a doutora Ana Lúcia fez vínculos, tornando-se madrinha afetiva de muitos. Também chefiou o serviço de gastroenterologia do Hospital das Clínicas da UFPE. Trabalhou com discrição, sensatez e competência”, destacou o professor Edmundo Pessoa.
Homenageada ainda atua no Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical
O docente incluiu no discurso panegírico depoimentos de alguns amigos que a professora, pesquisadora e médica Ana Lúcia cativou nos ambientes em que tem atuado e, depois, concluiu: “Ela tem ex-alunos espalhados pelo Brasil, difundindo seus ensinamentos. Mesmo depois da aposentadoria, continua orientando mestrandos, doutorandos, além de seguir fazendo coletas em zonas endêmicas de zoonose. Podemos dizer que a redução dos casos de esquistossomose mansônica no Brasil, sobretudo nas formas graves, contou com as realizações desta mulher chamada Ana Lúcia”.
Seguindo o protocolo da cerimônia, após o discurso panegírico, a professora Ana Lúcia foi vestida com a samarra verde, cor que representa a Medicina. O reitor Alfredo Gomes fez a leitura do ato de concessão do título de Professora Emérita, documento assinado por ele e pela homenageada, e colocou o capelo sobre a cabeça da professora.
“A professora Ana Lúcia contribuiu para a formação de gerações. Tem uma trajetória muito encantadora, é uma pessoa brilhante, muito sábia. A Universidade fica extremamente honrada com a sua presença entre nossos eméritos”, afirmou o reitor da UFPE, Alfredo Gomes. O vice-reitor Moacyr Araújo também ressaltou: “É uma trajetória memorável. Pessoas que não desistem são muito importantes para nós e se dedicando à população mais vulnerável… Isso tem tudo a ver com o espírito universitário público”.
“A outorga deste título é mais do que merecida, é um tributo pela dedicação inegável da professora Ana Lúcia. E seu compromisso com a qualidade acadêmica tem um impacto profundo na comunidade científica”, destacou o diretor do CCM, Luiz Alberto Mattos.
Cerimônia lotou o Auditório João Alfredo, na Reitoria
Além das amplas realizações profissionais, a gentileza e a personalidade discreta da homenageada também foram comentadas. “Ela é uma das pessoas mais raras que conheço. Continua indo ao interior encontrar os pacientes. O trabalho não para e essa simplicidade é uma das maiores qualidades dela”, elogiou a professora Solange Coutinho, irmã de Ana Lúcia e uma das pessoas da família que seguiram a vida acadêmica.
Elas são filhas do médico e pesquisador Amaury Coutinho (1918-1995), que também foi professor da UFPE. Em seu discurso, Ana Lúcia homenageou os pais, citando o incentivo e a inspiração recebidos deles. Também agradeceu a outros familiares e a vários amigos.
“No contato com os pacientes, aquela troca de atenção faz mais bem a mim do que a eles. E continuar trabalhando em contato com os jovens nos estimula a buscar novos conhecimentos. Como sempre fui muito tímida, estar aqui hoje, diante de uma plateia e falando de mim, me custou muito. Mas, olhando para trás e vendo que tantos alunos se tornaram ótimos profissionais, isso me orgulha. Vejo como missão cumprida. Acho que a realização de todo profissional é viver os frutos de sua carreira”, concluiu.
BIOGRAFIA – Médica, formada em 1971, foi a laureada da turma. Fez mestrado em Medicina Tropical (1987) e doutorado em Medicina na UFPE (1998). Tem títulos de especialista em Gastroenterologia e em Hepatologia. Foi professora visitante na Keio University, Tóquio, tendo realizado treinamento individual em Ultrassonografia Abdominal por um período de quatro meses.
Desde a sua formatura, pesquisa e trabalha com esquistossomose mansônica (uma doença parasitária, causada pelo trematódeo Schistosoma mansoni, espécie de platelminto, também conhecida como doença do caramujo, xistose e barriga d’água), dedicando-se ao tratamento e estudo clínico dos pacientes. Ela colabora com o Ministério da Saúde (MS), através da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), com o Programa de Pesquisa Translacional em Esquistossomose da Fundação Oswaldo Cruz (Fio-Schisto) e com a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE), no controle desta parasitose.
Em colaboração com a Fio-Schisto, Ana Lúcia participou na elaboração do “World Health Organization (WHO) guideline”, para controle e eliminação da transmissão da esquistossomose para a Organização Mundial de Saúde (OMS). Com mais de cem artigos científicos publicados, e em torno de 30 capítulos e livros organizados, a docente continua, hoje, na produção de novos conhecimentos na área.