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Radiação gama ajuda na conservação e reduz desperdício de alimentos

O estudo foi defendido pelo aluno Liderlânio de Almeida Araújo, do Programa de Pós-Graduação em Saúde Humana e Meio Ambiente

Por Ellen Tavares

Aproximadamente um terço da produção mundial de alimentos se perde antes de chegar à mesa do consumidor. Isso se dá porque entre a colheita e a mesa do consumidor há perdas na plantação, no transporte, desperdícios no abastecimento e, até mesmo, na hora do consumo. Dessa forma, procedimentos capazes de estender a vida útil e preservar esses produtos, como a irradiação, tem se mostrado uma ferramenta eficaz para reduzir perdas, garantir a segurança alimentar e aumentar a oferta do alimento ao consumidor.

O processo de irradiação para conservação consiste em expor os alimentos, a granel ou empacotados, a ondas de energia e, dependendo do objetivo e normas estabelecidas, pode-se aplicar uma dose pequena, média ou alta, denominadas de radiação. De acordo com Liderlânio de Almeida Araújo, que, no ano passado, defendeu a dissertação de mestrado “Influência da radiação gama na composição química do tomate” no Programa de Pós-Graduação em Saúde Humana e Meio Ambiente pela UFPE, o uso da radiação na conservação de alimentos é um método versátil, seguro, ambientalmente limpo e energeticamente eficiente.

Atualmente, cerca de meio milhão de toneladas de produtos alimentícios são irradiadas, anualmente, no mundo. Porém, a simples menção da palavra irradiação desperta forte objeção baseada no desconhecimento do processo e nos seus efeitos sobre os alimentos. A irradiação usada para conservar alimentos, além de eliminar larvas de insetos, parasitas, fungos e bactérias presentes nos alimentos, os quais poderiam transmitir doenças, também inibe ou retarda alguns processos fisiológicos no caso de alimentos de origem vegetal, como o brotamento e o amadurecimento, aumentando significativamente sua vida útil. E, por conseguinte, o consumidor irá pôr em sua mesa um alimento melhor conservado e higienicamente mais seguro.

Segundo Liderlânio, a maior preocupação do consumidor é saber se os alimentos podem se tornar radioativos quando são irradiados. "Isso seguramente não ocorre, da mesma forma que as pessoas que se submetem a exames de raios X não ficam radioativas. Os alimentos irradiados não se tornam radioativos. No processo, somente são possíveis transformações químicas e nunca transformações nucleares, que poderiam tornar o alimento radioativo. O alimento que é irradiado não apresenta toxicidade ao ser humano", afirma ele, que é professor e graduado em Química.

PESQUISA | O tomate é um fruto rico em poderosos antioxidantes que desempenham importantes funções para a saúde, como carotenóides, tocoferóis e flavonóides. Dentre os carotenóides, encontram-se no tomate com maior abundância o licopeno e o betacaroteno. A pesquisa consistiu em avaliar a influência da radiação gama sobre os teores de licopeno, betacaroteno, vitamina C, pH, salmonela e coliformes fecais, presentes em tomates de coloração vermelha. O resultado do estudo demonstrou que a radiação gama promoveu a redução dos teores de licopeno, betacaroteno e um aumento de pH e da acidez titulável. Porém, observou-se uma redução significativa da concentração da vitamina C. Constatou-se também a inibição de salmonela e coliformes fecais. "A técnica da radiação ionizante foi eficiente para aumento do tempo de prateleira do tomate", afirma o pesquisador.

A atual legislação brasileira autoriza o uso do tratamento para qualquer alimento, de acordo com as normas de boas práticas aplicáveis, não estabelecendo limites quantitativos. Por sua eficácia e segurança, o processo também é recomendado sem restrições pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Um fato que contribui para a ampliação do uso é o aumento da aceitação dos produtos irradiados, pelos consumidores. "É importante dar visibilidade a esse processo, pois consumidores convencionais podem diminuir a resistência ao consumo de alimentos irradiados, por serem informados adequadamente à respeito do processo e de seus benefícios", aponta o especialista.

Mais informações

Programa de Pós-Graduação em Saúde Humana e Meio Ambiente da UFPE
(81) 3114.4108 | 4118
emerson_falco@yahoo.com.br

Liderlânio Araújo
liderlanioalmeida@gmail.com

Date of last modification: 22/11/2017, 18:00