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Para além dos ‘cliques’: o letramento digital e as novas formas de ensino

O estudo foi desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática da UFPE (Edumatec) pela mestra Lygia de Assis Silva

Por Camila Sousa                                                                                             

É inegável a presença hegemônica das tecnologias digitais em nossas vidas.  Quando aliadas a ações que possibilitam modificar realidades elas se mostram como propulsoras de desenvolvimento social. A escola, como parte deste universo, procura estar cada vez mais alinhada às novas demandas geradas pelas culturas digitais e, desta forma, impulsionar processos multiplicadores, consolidando-se como um espaço estabelecido de intervenção.

Baseada nesse tema, a mestra em Educação Lygia de Assis Silva defendeu a dissertação "O uso pedagógico do twitter no desenvolvimento das habilidades para o letramento: possibilidades de comunicação e interação mediadas pelas tecnologias digitais". No estudo, desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática da UFPE (Edumatec) e orientado pelo professor Sérgio Abranches, a autora conclui que os alunos da educação básica abordados pela pesquisa incrementaram as habilidades do letramento digital por meio das atividades realizadas durante as intervenções ocorridas no espaço escolar.

As evidências que provaram esta conquista são inúmeras, começando pela abrangência do Twitter como ferramenta digital estabelecida, fazendo com que o aluno explore outras vias de comunicação para interagir. Segundo Lygia Assis, o limite de 140 caracteres, em cada tweet, estimula a produção de textos curtos, cujas ideias são complementadas ou refutadas pelos indivíduos, favorecendo o desenvolvimento de habilidades como a argumentação, resumo e retextualização, bem como a aprendizagem entre os pares no ambiente virtual, favorecendo assim o letramento.

METODOLOGIA | Como metodologia, o trabalho fez uma pesquisa participante tendo como sujeitos alunos de uma turma de 3° ano do Ensino Médio de uma escola pública do Recife. A intervenção em sala de aula teve como modelo didático a aplicação de um questionário, a realização de observação participante e, por fim, a realização de uma entrevista com sujeitos selecionados. Durante a intervenção no espaço escolar, os alunos discutiram, nas aulas de Língua Portuguesa, sobre a reforma política no Brasil, usando o Twitter para a exposição de opiniões de debates entre os participantes, sendo utilizadas as hashtags #ReformaJaEREMXXX e #MudaBrasilEREMXXX para identificar as publicações pertencentes à pesquisa.

A escolha do Twitter como ferramenta de pesquisa não se deu por acaso. As pesquisas realizadas pelo Centre for Learning & Performance Technologies apontaram por três anos consecutivos (2009-2011) o Twitter como a melhor rede social a ser utilizada para fins educacionais, além de ser um dos recursos digitais mais utilizados em nosso país. A pesquisadora explica que, a partir das contribuições trazidas por Demo (1995), considerou que a escolha pelo tipo de pesquisa deu-se pela intencionalidade em realizar uma intervenção na sala de aula, uma vez que, ao adentrar nesse espaço, possuía o interesse de intervir na rotina dos alunos ali presentes, mas não só isso. "Buscamos, de forma participativa, analisar as estratégias desenvolvidas pelos alunos, durante a realização das atividades que propomos", completa.

Um dos aspectos que merecem destaque na pesquisa foi a busca por novas concepções sobre o conceito de letramento, hoje não mais somente vinculado à ideia de alfabetização do indivíduo. Lygia Assis menciona que passou por vários aportes teóricos para fundamentar as mudanças ocorridas, ao longo dos anos, a despeito deste assunto. "Tracei o percurso teórico, discutindo a origem da concepção de letramento, fortemente vinculada à ideia de alfabetização, passando pela discussão sobre os multiletramentos e suas possibilidades, a partir da discussão sobre o letramento digital", destaca. Ou seja, a evolução deste conceito compreende o desenvolvimento de novas estratégias para realizar ações, como leitura e escrita utilizando como suporte os equipamentos tecnológicos. 

Mas, segundo Lygia, muito embora ter acesso à internet seja o primeiro passo para imergir no universo digital e dele extrair conhecimento, ter somente este contato não basta para desenvolver habilidades de letramento digital. "Acreditamos que, para que haja o desenvolvimento do letramento, é preciso que o aluno seja estimulado a utilizar o computador, entre outros equipamentos, e a internet, na escola, para realizar atividades que contribuam para o seu desempenho tanto no contexto pedagógico como social", afirma. 

Mais informações

Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática e Tecnológica da UFPE
edumatec@ufpe.br
(81) 2126.8952

Lygia de Assis Silva
lygia1@hotmail.com

Date of last modification: 24/01/2018, 12:52